São Paulo, sábado, 9 de julho de 1994
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Verdades passageiras

Em 86, nos primeiros dias do Plano Cruzado, a confusão era geral na equipe econômica. Até o ministro Dilson Funaro não tinha certeza absoluta do que dizia. E acabou tropeçando na questão salarial.
Era a primeira vez que se discutia no país a conversão pelo pico ou pela média. Funaro estava confuso e alguém lhe deu a idéia de deixar os salários livres. Quem quisesse faria a conversão pela média com um adicional de 8%, quem não quisesse ficaria com o velho cruzeiro. Funaro gostou.
Ao chegar em casa, o ministro topou com um grupo de repórteres e foi logo passando a novidade. Quando entrou em casa, encontrou à sua espera o advogado Saulo Ramos, consultor-geral da União. O visitante foi logo dizendo:
– Fiquei sabendo o que vocês pretendem fazer com os salários e vim avisar que é ilegal. Não podem circular duas moedas.
Surpreso, Funaro pediu um minuto, reabriu a porta e saiu para os jardins pedindo aos repórteres que voltassem. Funaro, então, avisou:
– Quero declarar que a conversão dos salários não é mais voluntária. Tudo tem de ser em cruzados. É só isto. Boa tarde.

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