São Paulo, sábado, 9 de julho de 1994
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Candidato tucano se acha um cabo eleitoral de luxo

GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O candidato do PSDB à Presidência, Fernando Henrique Cardoso, está sendo usado como cabo eleitoral de luxo por candidatos a governador sem uma contrapartida que beneficie sua própria candidatura.
Essa á a avaliação dos principais assessores tucanos. O candidato está irritado com a situação e discutirá a questão com o comando da campanha na próxima terça-feira.
Segundo seus assessores, ao invés de os candidatos regionais prestigiarem o presidenciável em seus respectivos Estados, está ocorrendo exatamente o contrário.
Esses candidatos estariam se aproveitando das viagens de FHC para conseguir destaque na imprensa nacional.
Os assessores detectaram esse problema especialmente em Minas Gerais e em Goiás.
Em São Paulo e Rio, onde os tucanos estão à frente nas pesquisas, o comando da candidatura FHC avalia que não há o devido empenho para promovê-lo.
O caso mais grave para o "staff" tucano ocorreu em Minas. O candidato do PSDB ao governo, Eduardo Azeredo, levou FHC para regiões onde ele, Azeredo, está com baixa intenção de voto.
Com a falta de lideranças locais, FHC foi recebido por menos de dez pessoas no aeroporto de Varginha (sul do Estado) no último dia 2 de julho.
A viagem foi considerada inútil pela assessoria de FHC. O eleitorado não se empolgou, e o candidato se restringiu a dar palestras em espaços fechados, sem a presença da população.
Em São Paulo e Rio de Janeiro, os assessores enfrentam dificuldades com o comando das campanhas de Mário Covas e Marcello Alencar para distribuir o material de propaganda de FHC.
Em Anápolis, Goiás, FHC acabou se transformando em um outdoor de candidaturas regionais.
No meio da tarde, sua camisa estava repleta de adesivos da candidata do PP ao governo de Goiás, Lúcia Vânia, além de "buttons" de candidatos ao Senado, à Câmara e à Assembléia.
Lúcia Vânia, em compensação, fazia campanha sem lembrar FHC. Pelas ruas, só se viam bandeiras das candidaturas estaduais.
No Nordeste, a preocupação é com a continuidade da campanha. A avalição é que os candidatos regionais também só estão dando ênfase às sua próprias candidaturas.
Essas são as principais razões por que o comando da campanha de FHC reagiu com entusiasmo contido aos números da última pesquisa Datafolha, publicada anteontem pela Folha.
A diferença entre FHC e o petista Luiz Inácio Lula da Silva caiu cinco pontos porcentuais. Lula está com 38% das intenções de voto, e FHC, com 21%.

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