São Paulo, sábado, 9 de julho de 1994
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Futebol, em Dallas, só se for de chapéu

DAVID DREW ZINGG
EM DALLAS

Bem-vindo ao "Big D".
A não ser que algum sujeito metido a J.R. malandro tenha se esgueirado para dentro do quarto do tio Dave em Dallas e desligado seu radar, posso afirmar a você que esta cidade NÃO é o lugar onde a revolução do "soccer" nos Estados Unidos vai começar.
Dallas é uma cidade enorme e besta. Os caubóis daqui deixaram de correr atrás de gado muito tempo atrás. Agora eles andam empinados por aí, vestindo ternos Brooks Brothers na esperança de talvez ficarem um pouco parecidos com banqueiros nova-iorquinos.
Existe um velho ditado texano segundo o qual "o Leste (eles querem dizer a Grande Maçã) acaba em Dallas e o Oeste começa em Fort Worth".
Já Fort Worth é o ideal do Velho Caubói Dave de uma cidade maravilhosa. Fica a apenas 64 km de Dallas, mas é o verdadeiro Texas. Meu bar predileto, em todo o mundo, fica em Fort Worth (também conhecida como Cowtown, ou Cidade das Vacas). Chama-se Billy-Bob's. É com certeza o maior bar do mundo debaixo de um único teto.
Quando você entra no Billy-Bob's, você ouve Willie Nelson cantando láááá longe num espaço do tamanho do Canecão carioca.
Lojas, restaurantes e bares se espalham por uma área mais ou menos do tamanho do Shopping Ibirapuera. Se você ficar entediado, basta ir assistir o rodeio ao vivo –tudo isso dentro do mesmo mágico estabelecimento.
Conheço um jornalista chamado Matinas que nasceu em Barretos. Se eu o levar ao Billy-Bob's, a Folha corre o risco de perder sua cobertura da Copa do Mundo.
Como eu já disse, Dallas não é o que se poderia qualificar de cidade amiga do "soccer". A imprensa local trata o futebol como se fosse uma nova doença vacum. A mídia local concede à Copa mais ou menos 15 segundos no final dos noticiários de esportes. Para a televisão texana, o "soccer" figura logo depois do boliche feminino no gramado.
Afinal, dá para imaginar um texano cabeceando uma bola de futebol enquanto usa um daqueles chapéus de caubói que os texanos não tiram da cabeça nem para fazer amor?

Tradução de Clara Allain

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