São Paulo, sábado, 9 de julho de 1994
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A REVANCHE

DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil entrou no Westfalenstadion, em Dortmund, 20 anos atrás, na segunda fase da Copa da Alemanha, com medo da Holanda.
As repetidas declarações do técnico Zagalo e dos jogadores, de que "a Holanda não é imbatível", mal escondiam o nervosismo.
Os brasileiros conheciam pouco do adversário. O preparador físico Carlos Alberto Parreira admitia que só durante a Copa a Holanda começara a ser observada.
A Holanda tinha a vantagem do empate para chegar à final, pelo saldo de gols. Vencera a Argentina por 4 a 0 e a Alemanha Oriental por 2 a 0. O Brasil derrotara as mesmas equipes por 2 a 1 e 1 a 0.
O time holandês, inesperadamente, começou a partida nervoso como o brasileiro. Mesmo assim, nenhuma das duas equipes soube aproveitar uma oportunidade de gol no primeiro tempo.
Valdomiro desperdiçou duas chances, aos 13min e 16min. Leão evitou o gol holandês, em chute de Rensenbrink, aos 29min.
A Holanda se acalmou mais rápido e passou a neutralizar facilmente os ataques do Brasil.
Quando saiu o primeiro gol, de Neeskens, logo aos 5min do segundo tempo, os brasileiros se descontrolaram. Zagalo trocou Paulo César Caju por Mirandinha, o que de nada adiantou.
O segundo gol saiu de um contra-ataque velocíssimo. Rivelino cobrou mal uma falta. Suurbier cortou e lançou para Krol, que trocou passes rápidos com Rensenbrink e cruzou para Cruyff marcar.
Diante da tarefa de fazer três gols em 25 minutos, Zagalo preferiu apenas evitar a goleada. Não fez mais nenhuma substituição até o fim do jogo –foi criticado por não ter tirado Dirceu da equipe.
Dentro do campo, os brasileiros partiram para a violência. Luís Pereira foi expulso aos 39min por agredir Neeskens, que acabou saindo de campo contundido.
O jogo terminou em 2 a 0. Foi a primeira derrota de Zagalo em uma Copa. Ele já havia participado dos Mundiais de 58 e 62 como jogador e do de 70 como técnico.
A Holanda, que havia enfrentado naquela Copa duas violentas equipes sul-americanas (Uruguai e Argentina), ficou surpresa com a violência dos jogadores brasileiros. O único elogiado pelo adversário foi o lateral Marinho Chagas.
Depois da partida, Zagalo conclamou "todos os treinadores brasileiros" a seguirem o exemplo do futebol apresentado pela Holanda.
Hoje, no entanto, a seleção brasileira joga um futebol bem diferente do "carrossel holandês". A própria Holanda nunca mais conseguiu se aproximar daquele ideal.
As seleções voltaram a se enfrentar em 89, em Roterdã. O Brasil venceu por 1 a 0.

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