São Paulo, sábado, 9 de julho de 1994
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Zinho fica e promete mais ousadia hoje

FERNANDO RODRIGUES ; MÁRIO MAGALHÃES ; JOÃO MÁXIMO
DOS ENVIADOS ESPECIAIS

O jogador Zinho venceu o duelo com Raí e enfrentará hoje a Holanda. O técnico Carlos Alberto Parreira testou Raí no lugar de Zinho anteontem, mas resolveu manter os quatro meias que jogaram contra os Estados Unidos: Mauro Silva, Dunga, Mazinho e Zinho.
A única mudança na equipe será a entrada de Branco no lugar de Leonardo (suspenso) na lateral esquerda. Branco está orientado para atacar pouco.
Sua tarefa principal será marcar o jogador apontado por Parreira como o melhor da Holanda –o atacante Overmars.
Se cansar no segundo tempo –o que o técnico considera provável–, Branco deve ser substituído pelo lateral Cafu.
A escolha de Zinho evitou o crescimento da insatisfação do jogador. Ele acha que está sendo prejudicado pelo esquema da seleção, que o obriga a ter função defensiva importante.
"Contra a Holanda vou criar e ousar mais", afirmou Zinho. "Sei que não estou desenvolvendo o que posso. No começo da Copa do Mundo não fui bem, mas estou melhorando."
Ele acredita que é "muito cobrado" por ser "importante para a equipe". "Com mais jogos vou melhorando. Quem sabe não faço um gol contra os holandeses para ser menos criticado? Vai acontecer o que todo o povo brasileiro quer: ver o Zinho jogando o que pode."
Raí será opção para o segundo tempo. "Ele jogaria entre o meio-campo e os atacantes", disse Parreira. Outra opção ofensiva seria a entrada de Muller.
Parreira decidiu manter a equipe –com exceção da entrada obrigatória de um substituto de Leonardo– porque acredita que "está tudo certo" com a seleção.
"Do horário dos ônibus ao cozinheiro, passando pelos jogos, não há erros. Vou para o quarto e penso: tivemos cinco grandes chances de gol contra os Estados Unidos e o Taffarel (goleiro) não fez nenhuma defesa. Por que vou mudar?"
Embora acredite que só uma "fatalidade" eliminaria o Brasil do Mundial, ele teme o ataque holandês com três jogadores. Além de Overmars, pela direita, o Bergkamp é perigosíssimo pelo meio e Van Vossen na esquerda.
O técnico alertou contra o perigo dos ataques do líbero Koeman. Líbero é um zagueiro que joga mais recuado, sem função de marcação, na sobra.
"Ele não é um grande marcador, mas organiza muito bem o time", disse Parreira. "Joga até num conceito diferente, de maneira pouco convencional, ao lado dos dois zagueiros e às vezes à frente. Se encontra espaços, ataca e surpreende o adversário."Não será feita marcação individual (homem-a-homem) sobre Koeman.
Parreira não usa três jogadores no ataque de seu time porque considera que, assim, fragilizaria a marcação no meio-campo.
Ontem à noite ele exibiu aos jogadores um vídeo com jogadas da Holanda em suas quatro partidas na Copa do Mundo. A Holanda foi acompanhada pelo "espião" brasileiro Leovegildo Júnior.
"Os holandeses melhoraram muito. Temos de tomar cuidado especial com as cobranças de falta de Koeman." (FR, JM e MM)

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