São Paulo, domingo, 10 de julho de 1994
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Dirceu e Genoino organizam o esquema

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os deputados José Dirceu (SP) e José Genoino (SP) são os dois principais interlocutores do PT junto às Forças Armadas. Eles fazem a ponte política entre o partido e os militares.
O objetivo dos dois com a aproximação é facilitar a convivência do PT com as Forças Armadas caso o candidato do partido a presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, seja eleito.
Nas conversas com os militares, eles discutem também a criação de um Ministério da Defesa, que reuniria o Exército, a Marinha e a Aeronática.
Ao se aproximarem das Forças Armadas, Dirceu e Genoino evitam que esse papel seja cumprido por Lula. A aproximação do candidato poderia passar a imagem de tutela militar.
Ex-secretário-geral do PT, Dirceu é apontado por seus adversários políticos como chefe de uma rede de arapongas" (espiões) dentro do PT.
O conhecimento da máquina do PT permitiu a Dirceu que muitos militantes do partido o auxiliem na investigação contra seus adversários.
Isso aconteceu durantes a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Collorgate e do Orçamento.
Dirceu tem mais interesse no setor de Inteligência do que Genoino. Suas propostas são inspiradas nos modelos de inteligência de países como Estados Unidos, Canadá, Austrália e Inglaterra.
Quando esteve exilado em Cuba durante o regime militar, ele também teve contato com o serviço secreto do governo de Fidel Castro.
"Precisamos de um sistema de inteligência para fornecer informações privilegiadas ao presidente da República e para defender o Estado democrático", afirmou Dirceu.
Apesar de conversar muito com os militares, inclusive sobre o setor de inteligência, Genoino afirma que não gosta desse assunto.
"Acho os órgãos de inteligência necessários, mas, até hoje, só tive prejuízo com eles", afirma Genoino, referindo ao fato de ter sido adversário dos governos militares, que tinham o SNI (Serviço Nacional de Informações).

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