São Paulo, domingo, 10 de julho de 1994
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Empresa muda relação com funcionários

DA REPORTAGEM LOCAL

A relação do empresário com o trabalhador precisa mudar. Nos anos 90, gerenciamento é palavra-chave para o bom andamento dos negócios.
Gerenciamento não só da empresa em si, mas também de seus funcionários. O tabu de que trabalhador com pouca formação não contribui para melhorar a performance da empresa deve ser definitivamente derrubado.
Esta é a idéia principal da palestra "Melhor Produtividade com Nova Relação de Capital e Trabalho", ministrada na última quarta-feira por Renato Requião Munhoz da Rocha, diretor da Inepar S/A Eletroeletrônica.
Ele participou da série "A busca da Qualidade Total", promovida pela Folha. Participam dessa série, aberta ao público, empresários e consultores de vários segmentos da economia.
Para Rocha, a mudança de visão do empresário sobre a relação capital e trabalho é inevitável.
Ele cita um exemplo prático. "Nos próximos três anos as folhas de pagamento devem crescer significativamente, aumentando o poder aquisitivo do trabalhador."
O diretor acha também que a participação nos lucros faz parte dessas mudanças. A Inepar já adotou essa política há sete anos.
No final de janeiro último foi distribuída uma cota fixa de cinco salários mínimos aos funcionários. O menor salário hoje é de R$ 250.
A fórmula da Inepar para melhorar sua qualidade e aumentar sua produtividade inclui ainda um programa baseado em três pontos.
A empresa, que produz medidores, capacitores de baixa tensão, semicondutores e componentes eletroeletrônicos, trabalhou o "tripé" comunicação, educação e satisfação.
Dentro do primeiro ponto atacado –a comunicação– foram desenvolvidos diversos projetos. O primeiro foi o cafezinho com o presidente da empresa.
Há 15 meses o presidente e o diretor de determinada área convidam dez funcionários para uma conversa descontraída no café da manhã, informa Rocha.
São feitas visitas dos familiares à fábrica, foram eliminados o cartão e o relógio de ponto.
Na área da educação, foi montada uma praça de leitura na fábrica –há desde jornais e revistas técnicas a publicações estrangeiras.
Investimentos em treinamentos, lazer às sextas-feiras e bolsas de estudo para funcionários não foram esquecidos.
O terceiro ponto, da satisfação, mexe com a limpeza das fábricas. A meta é tornar a Inepar a "fábrica mais limpa do mundo".
Os próprios trabalhadores gerenciam o convênio de saúde escolhendo os médicos e hospitais.
As mudanças na Inepar começaram em 1992. O resultado apareceu rapidamente, afirma o diretor Renato Rocha.
Há 18 meses não há reclamações trabalhistas na fábrica de Curitiba (PR), usada como laboratório para operacionalização das mudanças, diz o diretor.
O resultado apareceu também no faturamento da empresa. Em 1991, era de US$ 75,44 milhões. Em 92, pulou para US$ 143,70 milhões.
Ano passado, foi de US$ 251,10 milhões. O faturamento global do grupo projetado para este ano é de US$ 310 milhões.

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