São Paulo, domingo, 10 de julho de 1994
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Microempresário deve dar atenção à gestão de estoques

DA REPORTAGEM LOCAL

Os micro, pequenos e médios empresários devem estar atentos à gestão de estoques, comprar apenas o essencial e fazer promoções, através de vendas parceladas.
Esse é o conselho que o consultor e mestre em pequenas e médias empresas da Fundação Getúlio Vargas, Francisco Guglielme Jr., 38, dá aos empresários neste momento.
"As vendas estão em baixa. Os pequenos empresários não devem entrar em pânico. Precisam dosar o grau de endividamento, só contraindo dívidas em caso de extrema necessidade."
Guglielme considera "oportuna" a série de fascículos "Seu negócio na nova era", que a Folha lançou domingo passado em parceria com o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).
A série orienta a abrir e administrar uma pequena empresa de acordo com as tendências mundiais deste fim de século. O segundo fascículo circula hoje.
"Acho que os fascículos podem suprir a falta de material didático específico para os pequenos e médios empresários", diz Guglilme.
As pequenas empresas podem ter suas chances aumentadas se o Plano Real tiver êxito. "A economia estável vai permitir o planejamento e o desenvolvimento dos pequenos negócios", diz Irani Cavagnoli, 49, diretor-superintendente do Sebrae em São Paulo.
Segundo Cavagnoli, os pequenos negócios geralmente passam por momentos críticos durante os três primeiros anos de existência. "A estabilidade econômica vai contribuir para a consolidação das pequenas empresas."
"A moeda estável vai facilitar a vida dos pequenos, que cada vez mais desempenham papel importante na economia", afirma Aloysio Pontes, 47, sócio-diretor da consultoria Andersen Consulting."
Cavagnoli, Guglielme e Pontes acreditam que, passado o período inicial de "susto" causado pela queda das vendas, deve haver uma retomada de consumo e de novos investimentos. Nesse cenário, o sistema de franquia deverá ser um dos negócios mais procurados.
"Nos últimos três anos, as franquias têm registrado um crescimento de 30% ao ano. Sem a influência essa taxa vai ser muito maior", diz Cavagnoli.
Parcerias entre pequenas e grandes organizações, através da terceirização, devem se intensificar.
"Empresas de automação, informática e comunicação serão muito requisitadas", diz Guglielme.
"As grandes empresas vão continuar aplicando os processos de 'downsizing' (redução programada de porte, terceirizando atividades que não são a função principal da organização) e de reengenharia", afirma Guglielme.
Para Elizabeth Pimenta, 45, presidente do grupo Água de Cheiro, a economia estável incentivará as empresas que trabalham na informalidade a se legalizarem.
"Saindo da informalidade, elas registrarão seus funcionários e passarão a pagar impostos. Com isso, ganha o país.", completa.

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