São Paulo, domingo, 10 de julho de 1994
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Estudantes optam por carreira no 1º grau

TAMARA HENRY
DO "USA TODAY"

Os programas "Tech Prep" –cursos técnicos preparatórios para o 2 grau– são a inovação curricular que mais cresce nos Estados Unidos.
Embora essa modalidade de ensino se enquadre dentro de uma lei antiga do ensino vocacional, seu crescimento está sendo incentivado por uma lei assinada recentemente por Bill Clinton, autorizando o repasse de US$ 300 milhões a Estados e municípios para o desenvolvimento de programas escola-trabalho.
No "Tech Prep", os alunos têm disciplinas acadêmicas, como matemática, inglês, arte, ciência e comunicações.
As aulas combinam tecnologia aplicada, habilidades de pensamento crítico e experiências práticas. Segundo educadores norte-americanos, o programa reduz o índice de abandono escolar e eleva o moral dos estudantes.
Dan Hull, presidente do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Ocupacional em Waco, Texas (Estado da região centro-sul ocidental dos EUA), diz que há mais de 650 mil alunos fazendo programas "Tech Prep" no país.
Para a segunda metade do ano (primeiro semestre do ano letivo norte-americano) está previsto o aumento dos inscritos para 1,5 milhão.
Objetivos
Alguns dos objetivos dos programas "Tech Prep" são:
1) Conseguir que os alunos se interessem e consigam concretizar seus objetivos; 2) Conseguir que eles sejam capazes de fazer opções conscientes para a carreira que querem seguir; 3) Conseguir que empresas e organizações profissionais fiquem satisfeitas com as capacidades e o potencial dos trabalhadores recém-chegados ao mercado e que se disponham a contratá-los; 4) Conseguir que os conhecimentos sejam medidos por capacidades e habilidades demonstráveis, não por tempo de estudo; 5) Conseguir que os trabalhadores sejam capazes de aprender novas habilidades e de progredir em suas carreiras.
O estudante secundarista Ned Patterson, 17, segue um curso "Tech Prep" e é um exemplo do tipo de aluno que os educadores esperam atrair.
Ele pensa em seguir a carreira de engenheiro elétrico e ganhou uma bolsa de estudos no Massachusetts Institute of Technology (MIT).
"Os dois anos de treinamento em eletrônica que fiz me prepararam para o curso superior", diz Patterson. "Sem isso eu não teria conseguido entrar no MIT."
Modelo
Os programas "Tech Prep" nos municípios de St. Mary, Calvert e Charles, no Estado de Maryland (costa leste dos EUA), já receberam US$ 500 mil do governo dos EUA.
"São um modelo do que o governo quer implantar nas escolas de todo o país", afirma Mary Byrski, diretora de projetos do Consórcio Educacional da Região Sul de Maryland.
Os estudantes são incentivados a pensar sobre possíveis profissões que gostariam de seguir, ainda no 1º grau. Quando chegam ao fim dessa fase, fazem testes de interesses e aptidões.
No 2º grau, optam por um entre quatro "grupos de carreiras" que focalizam habilidades ocupacionais, técnicas ou preparatórias para a faculdade.
Os grupos são: negócios-administração de empresas, engenharia-mecânica, serviços de saúde e assistência social e preparatório para curso superior.
Decisão
"O final do 1º grau não é cedo demais para se pensar no futuro. Eles tomam decisões de uma maneira ou outra", afirma Stephen Olczak, diretor do programa "Tech Prep" de St. Mary. "Se optam por estudar ou não álgebra, é uma decisão que vai afetar sua vida profissional."
Segundo Olczak, a abordagem do "Tech Prep" elimina a visão de que "se alguém não pretende fazer faculdade é meio ruim".
"Apenas 20% dos adultos nos EUA são formados na universidade. E os outros 80%?", pergunta o diretor.
Outra vantagem do programa é que ele oferece oportunidades iguais para moças e rapazes.
Tatiana Brandão, 18, está se formando e pretende continuar seus estudos em hematolologia (estudo de doenças e órgãos relacionados ao sangue).
Ela começou na área com o treinamento que fez no hospital St. Mary. Já recebeu um certificado de assistente de enfermagem. "O treinamento no hospital foi muito útil para mim", conta Tatiana.
"Se não fosse por isso, eu não teria vontade de fazer o 2º grau", afirma ela. "Não adiantaria nada arrumar um emprego em uma lanchonete. Fiz treinamento para o trabalho que pretendo seguir."

Tradução de Clara Allain

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