São Paulo, domingo, 10 de julho de 1994
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Veículos elétricos já são viáveis nos EUA

BRIAN TUMULTY
DO "USA TODAY"

Todo dia Frank Fontana sai de casa, no subúrbio de Briarcliff Manor, em Washington (EUA), numa minivan (pequeno furgão) de US$ 100.000, e vai até Nova York.
Quando completa o percurso, de 56 km, ele liga seu carro numa tomada em seu local de trabalho, em Queens.
"Às vezes vou a Westchester, a Manhattan, outras vezes ao Brooklyn", disse. Ele pode fazer a viagem de ida e volta sem recarregar sua van elétrica Ford Ecostar.
Fontana, 58, é gerente de combustíveis alternativos da Consolidated Edison (Con Ed).
Ele está avaliando as características operacionais e as necessidades infra-estruturais de veículos movidos a eletricidade.
Dentro de quatro anos, a Con Ed espera que haja 8.440 veículos movidos a eletricidade em seu território de operação –Westchester e os cinco distritos de Nova York.
Até o ano 2005, a Con Ed prevê que haverá 174 mil veículos elétricos recarregando regularmente suas baterias.
Os locais poderão ser estações ferroviárias de subúrbio, estacionamentos subterrâneos em Manhattan, "bombas" de carga rápida em postos de gasolina e em garagens residenciais.
Serão necessárias milhares de novas tomadas elétricas e aparelhos de medição da carga, oferecendo tarifas automotivas especiais como o atual custo da gasolina, disse Fontana.
"Precisamos descobrir qual será o impacto desses veículos, para que possamos dizer aos clientes que eles não são tão ruins."
Em maio, em Sacramento, Califórnia, o Conselho de Recursos do Ar do Estado reviu os avanços das montadoras na preparação para a produção em massa de veículos com índice zero de poluição para os modelos 1998.
Quando os modelos saírem do forno, no último trimestre de 97, 2% de todas as vendas na Califórnia terão que ser de veículos com índice zero de poluentes.
Os mesmos planos foram adotados pelos Estados de Nova York, Massachusetts e Maine, embora as montadoras tenham aberto processos para contestá-los.
Além disso, os Estados de Nova Jersey e Maryland disseram que só vão adotar a venda desses veículos se todos os Estados adjacentes, incluindo a Pensilvânia e o Delaware, adotarem as mesmas normas.
Segundo a Coalizão do Transporte Elétrico, sediada em Washington, este movimento cumulativo dos Estados representaria a venda obrigatória de 65 mil carros elétricos modelo 98.
Se esse prazo resistir à briga na Justiça nos Estados do nordeste dos EUA, as montadoras terão de vender carros elétricos capazes de manter temperaturas amenas no seu interior durante o inverno.
As montadoras estão gastando milhões de dólares para desenvolver a nova tecnologia, mas já avisaram as autoridades que o prazo é muito pequeno.
Os veículos elétricos com tecnologia de 94 custarão entre US$ 12 mil e US$ 20 mil acima dos similares a gasolina, segundo a AAMA (associação dos fabricantes).
"Ainda é um veículo muito caro e tem um alcance de percurso independente menor do que as pessoas esperam", disse Nicole Solomon, porta-voz da AAMA.
"No fim das contas a GM, a Chrysler e a Ford gastaram mais com veículos elétricos do que qualquer outro fabricante, sem chegarem aonde queriam."
A AAMA alega que os Estados do nordeste não levaram em conta as diferenças geográficas entre eles e a Califórnia.
"Gasta-se mais energia para dirigir na neve do que numa estrada pavimentada seca. Isso muda o alcance de percurso independente dos veículos", disse Solomon.
Apesar dos avisos da AAMA, a Chrysler anunciou que vai oferecer versões elétricas de seus minivans Plymouth Voyager e Dodge Caravan, a partir do modelo 98.
Seu preço deverá ser US$ 20 mil mais caro que a versão movida a gasolina.
Ainda este ano, a GM vai começar a testar a reação dos consumidores a seu carro elétrico de passageiros Impact.
As solicitações enviadas a clientes de companhias de eletricidade interessadas em testar o Impact renderam mais de 27 mil respostas.
As respostas foram usadas pelos defensores dos carros elétricos para demonstrar o grande interesse do público e sua provável aceitação.
Fontana elogiou muito o minivan Ford Ecostar. "É fantástico", disse ele –"não dá para distingui-lo de um veículo de combustão interna."
O Ecostar tem autonomia de mais de 160 km, anda facilmente a 110 km/h na via expressa Major Deegan, no Bronx, e é de manuseio fácil.
As baterias de sódio e enxofre do Ecostar podem ser recarregadas num prazo de seis horas na mesma corrente usada por uma secadora elétrica doméstica, disse Fontana.
A Ford está alugando mais de cem de seus Ecostars, com lugar para dois passageiros, a outras companhias de eletricidade.
Também se prepara para a sua produção comercial em 1998.
O preço –US$ 100.000– cobre um aluguel de 30 meses e inclui a manutenção e outros serviços de apoio.

Tradução de Clara Allain

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