São Paulo, segunda-feira, 11 de julho de 1994 |
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Entrada no 2º milênio criou pânico na Europa
RICARDO FELTRIN
Segundo registros históricos, a maior parte da civilização ocidental não comemorou a passagem do ano 999 para o ano 1000. Ao contrário. Foi um Reveillon tenso em que a Europa contou os instantes para a chegada de um apocalipse que não veio. Os anos 999 e 1000 foram o auge de um período marcado pela superstição, pela crença em sinais do céu e pelo medo de que chegara o momento de Deus se vingar dos maus e de Jesus Cristo trazer a lista dos reprovados no Juízo Final. A Igreja Católica travava uma "guerra" contra o paganismo. Enquanto isso, a tese de que o ano 1000 traria desgraças se disseminava entre a população européia. Pouquíssimos tinham acesso à Bíblia –então um livro praticamente exclusivo da casta católica. O pouco que chegava aos ouvidos do povo simples era distorcido. Por exemplo: trechos do Apocalipse de São João que citam a saída de Satanás da prisão "após mil anos (...) para seduzir as nações do mundo" deviam servir de combustível para o pânico e o desespero na entrada do segundo milênio. Também dos fechados mosteiros europeus escapavam "sinais" das iminentes desgraças. Eclipses solares, bebês com anomalias graves, pragas agrícolas e epidemias viravam sinais claros da proximidade do fim do mundo. O Reveillon passou. O apocalipse não veio, mas a população só se acalmou em 1033, mil anos após a morte de Jesus Cristo. Texto Anterior: Igreja tenta 'recomeçar' Próximo Texto: Sol e Lua determinam os ciclos dos calendários Índice |
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