São Paulo, segunda-feira, 11 de julho de 1994
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Vontade dos jogadores leva seleção para frente

TELÊ SANTANA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Foi a melhor partida da Copa do Mundo até agora. Mais importante: foi a melhor partida realizada pelo Brasil nos Estados Unidos. Pode-se dizer tudo desta seleção, menos que ela não luta, não se empenha, não tem coração. Muito do que temos feito até aqui deve-se ao entusiasmo dos jogadores.
A Holanda também jogou muito bem. Valorizou a vitória brasileira. É uma seleção técnica, que teve força para reagir depois dos 2 a 0.
Nesse ponto, devo começar a dizer que jogamos bem, conquistamos boa vitória, já estamos na semifinal, mas não tivemos a grande atuação, a atuação sem reparos que todos nós continuamos aguardando.
Desta vez, não foram bem os zagueiros. Vi Márcio Santos disputar bolas com o pé trocado, vi os dois centrais errarem passes, vi o setor direito falhar no primeiro gol e todo mundo deixar o holandês cabecear livre no segundo.
Um dos pontos altos da seleção brasileira é justamente o setor defensivo. Até aqui, parecia-me firme, sem se ressentir da ausência dos dois Ricardos. No sábado, deu para preocupar.
Os dois laterais também não estiveram num dia especialmente feliz. Branco, pelas condições físicas, ainda fez bem em se plantar, em evitar a linha de fundo. Tinha um holandês perigoso para marcar.
Já Jorginho, não sei por que não avançou mais. Ou por que, quando avançou, foi tão pouco eficiente.
O meio-campo brasileiro continua nos devendo uma atuação convincente. Nas bolas divididas, no combate direto, até que levou certa vantagem, mas continua criando pouco.
Foi um jogo tenso. No segundo tempo, então, aconteceram cinco gols, chances perdidas, vibração, incerteza. Depois de chegar aos 2 a 0, bem que o Brasil podia ter administrado melhor o placar. Poderia fazer isso tocando a bola de pé em pé, em passes rasteiros e de primeira. E sem enfeite.
Num hora dessas, um mínimo descuido pode ser fatal. Nos descuidamos ao deixarmos cobrarem à vontade o lateral que resultou no primeiro gol. E nos descuidamos no escanteio que deu no segundo.
Mas seguimos tendo Romário. E Bebeto também. Romário é o homem que decide, o fator que desequilibra. Em dez gols marcados pelo Brasil nesta Copa, quatro foram dele. E três tiveram participação dele.

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