São Paulo, segunda-feira, 11 de julho de 1994
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A VJ mais bacana da MTV, Adriana Lessa, foi demitida

ANDRÉ FORASTIERI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Desde segunda-feira passada, Adriana Lessa não faz mais parte da equipe da MTV. Mas Adriana era minha VJ favorita (na verdade, a única que eu via constantemente; de dia eu trabalho, pô). E faz parte do serviço ficar de olho nas variações pessoais/raciais/sexuais da MTV.
Então, vamos ver o que aconteceu. Segundo a chefona da MTV, Cali Cohen, "a audiência trocava de canal por causa da Adriana". "Ela gerava rejeição do espectador, e isso ficou claro em pesquisas que nós fizemos."
Ok, números são números, mas será que Adriana estava no lugar certo?
Sua função no horário noturno era atrair a audiência dos 25 aos 30 anos, mais Phil Collins, o chamado" adulto contemporâneo". Uma função para lá de ingrata –gente com cabeça "adulta contemporânea" nessa hora está assistindo o "Jô Onze e Meia".
Cali diz também que a "performance da Adriana era baixa, e o empenho também. Finalmente, "Adriana não conhece nada de música".
Espera aí. A menina sabe cantar, sabe dançar. Na adolescência, viajou com o grupo de Antunes Filho para a Alemanha, onde fez backing vocal para o Bobby McFerrin, tocou também na banda El Marocco, do Scowa.
Seja como for: é direito de toda a empresa mandar embora quem bem entender. E a Adriana –que tem uma versão bem diferente da história–, optou por não sair atirando, mais um gesto de classe da garota. Que também não ficou na chuva: vai logo logo para a Austrália, e de lá para a Europa e, quem sabe, alguma hora ela volta para trabalhar no Brasil.
Quem ficou na chuva fui eu: quem está ocupando esse horário noturno no lugar da Adriana é a Cuca. Ô MTV! A Cuca é jovem demais para mim!

Woodstock
A essa altura todo mundo está na contagem regressiva para o segundo Woodstock, que tem um monte de gente famosa e mais um monte de gente "alternativa" para dar aquele vernizinho descolado. Bobagem. Não percam tempo lendo sobre Woodstock. Esse festival que vão fazer agora não tem nada a ver com o outro. É só um Rock In Rio disfarçado. Pior, é totalmente anos 80, um ano corporativo e burocrático, vendendo nostalgia para "baby boomers" carecas e barrigudos. Quem se dispõe a tocar num negócio desses é porque não tem um pingo de vergonha na cara.

Metal Cucaracha
O Soul of Honor é uma banda paulista absolutamente original. Faz hard rock com elementos de música latino-americana. No começo a gente estranha a combinação –afinal, a gente não se assume como latino-americano, fica sempre aquele negócio de "esses cucarachas malas". Mas brasileiro tem que se tocar que também é cucaracha, e que a banda está redondinha, está. Tem um conceito único e finalização absolutamente profissional, E, importante, os caras seguram ao vivo. O primeiro disco acaba de sair, pela Eldorado.

Agenda
Dia 23 ainda está meio longe, mas vá anotando no caderninho. Um dos melhores grupos de rap do Brasil, o Câmbio Negro, toca no Aeroanta nessa noite, com abertura do ressucitado Código 13, veteranaço do rap paulistano. O Câmbio Negro tem ataque, tem letras boas, tem refrão e –importante para roqueiros– banda tocando junto,

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