São Paulo, segunda-feira, 11 de julho de 1994
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Brasileiro dá bom exemplo na América

MARCELO RUBENS PAIVA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Não sei quanto a você, mas eu assisto a todos os jogos da Copa, e zapeio atrás de notícia.
Já tinha descoberto na TV Bandeirantes o "Apito Final" de Gerson, Tostão, Zico, Mário Sérgio e Rivelino.
No SBT, um Telê irônico troca bola com Carlos Alberto. Jairzinho vira e mexe aparece no Jô. Na Globo, Pelé.
Se Deus é brasileiro, por que não convida Clodoaldo, e junta todos numa única mesa redonda?
O que é preciso para assistir Pelé, Tostão, Gerson, Rivelino, Carlos Alberto, Jairzinho e Clodoaldo comentando os jogos da Copa e lembrando do passado?
Se Led Zeppelin às vezes volta, se os três Beatles vão gravar juntos, se The Who toca em shows beneficentes, se Caetano e Gil gravaram Tropicália 2, se Jorge Ben Jor e Tim Maia voltaram à moda, se a garotada anda misturando forró com rock, se os comunistas fazem maioria na Hungria, se os fascistas estão no poder na Itália, se a virgindade e os óculos pontudos estão na moda, se Nelson Rodrigues agora cai no vestibular, se censuraram o disque erótico, se a inflação baixou, e se as moedas voltaram, por que não? Os 70 são aqui!

MTV na Copa. Astrid comanda uma mesa redonda radical, auxiliada por Casagrande, Marcelo Fromer, Nando Reis, às vezes Dado da Legião, Roger, Clemente, Charles dos Titãs e Fausto Fawcett, que, imperdoável, não levou uma loira sequer.
Não têm imagens dos jogos da Copa; boicote desleal do pool formado pelas grandes emissoras. Inventam.
Casagrande narra o gol baseado num tabuleiro de botão. Imagens de um videogame tenta reproduzir o que ocorreu no campo. E analisam os jogos sem os vícios da crônica esportiva que, há décadas, precisava de sangue novo. Sem papas na língua, falam o que tem sido dito pelo público que assiste aos jogos. Parece uma extensão da sala de televisão.
Por mim, esta Copa não acabaria nunca.

Um saldo positivo da participação brasileira nesta Copa. Segundo jornais da Califórnia, o Brasil não é apenas o país do caos, dos extermínios e queimas de floresta. É um país de muita "festa pacífica".
Brasileiros invadem as ruas de Los Gatos, enchem a cara, mas não dão baixaria. Enquanto o time mica em campo, damos o bom exemplo. Quem diria...

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