São Paulo, segunda-feira, 11 de julho de 1994
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Elmar Oliveira traz em seu violino romântico um repertório variado

LUÍS ANTÔNIO GIRON
ENVIADO ESPECIAL A CAMPOS DO JORDÃO

Recital: Elmar Oliveira (violino) e Robert Koenig (piano)
Onde: Teatro Sérgio Cardoso (rua Rui Barbosa, 152, tel. 288-0136, Bela Vista, região central de São Paulo)
Quando: hoje, às 21h. E amanhã, às 21h, no Auditório Cláudio Santoro, em Campos do Jordão
Quanto: entrada franca (convites devem ser trocados por agasalhos a partir das 15h na bilheteria do teatro)

A agenda do violinista norte-americano Elmar Oliveira, 44, é apertada no Festival de Inverno de Campos do Jordão e combina bem com o ritmo ascendente de sua carreira. Ele chega hoje dos EUA, se apresenta no teatro Sérgio Cardoso em São Paulo, viaja para Campos do Jordão, faz um recital amanhã, ministra uma "master class" e volta. Deve tocar na Tunísia no fim-de-semana.
Apesar do nome e de ser filho de imigrantes portugueses, Oliveira não dá entrevistas em português. Ele falou em inglês no sábado, por telefone, de Nova York.
Oliveira é um dos maiores virtuoses norte-americanos. Foi o único violinista dos EUA a ganhar a medalha de ouro no Concurso Tchaikovsky de Moscou. Isso aconteceu em 1978 e, desde então, as chances se proliferaram para o músico. Ele já duelou com as maiores orquestras do mundo. Esteve no Brasil duas vezes. Na última, em 1990, ele se apresentou num ciclo de Brahms em São Paulo com a Orquestra da Gewandhaus de Leipzig.
Gravou cinco discos até hoje. O principal saiu em 1989 pela gravadora inglesa Pickwick, com o raro "Concerto à Maneira Húngara Op. 11", do compositor e violinista romântico alemão Joseph Joachim.
O instrumento em que toca é um clássico: um Guarnieri del Gesú datado de 1729. Este leva o apelido de Lady Stretton por haver pertencido a uma virtuose inglesa no século 19. "É um instrumento poderoso, com sonoridade grave e emissão perfeita", orgulha-se Oliveira. O violino é tão bom que seu dono deixou de lado seu Stradivarius datado de 1692. "O Stradvarius é frágil e delicado como uma soprano", comenta.
Oliveira escolheu um repertório que dignifica o instrumento. "O programa é mais consistente do que virtuosístico, embora haja passagens que exijam habilidade", define. Toca a "Sonata em Si Bemol Maior K.454", de Mozart, a "Sonata nº 2 em Ré Menor Op. 121", de Schumann, "Danças Húngaras", de Brahms, e a quase intransponível "Sonata nº 2 em Ré Maior Op. 94a", de Prokofiev. Um coquetel de clássico, romântico e moderno.
A crítica norte-americana costuma atestar romantismo no estilo de Oliveira. Mas ele nega a tarja: "Toco em vários estilos, do barroco ao contemporâneo e não tenho preferências. Acho todo tipo de repertório interessante". Seus modelos, no entanto, são Heifetz e Ysayie, heróis da técnica violinística romântica. Também o gosto por certos compositores contemporâneos trai seu estilo: "Gosto de obras consequentes. Música experimental para mim é Locatelli, um compsoitor barroco que explorou a técnica de cordatura do violino e causou espanto no público".
Até o fim do ano ele passa mais uma vez o recibo de romantismo. Grava um CD com obras do compositor novecentista francês Ernest Chausson.

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