São Paulo, quarta-feira, 13 de julho de 1994 |
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Petista define futuro do vice
CARLOS EDUARDO ALVES
Luiz Inácio Lula da Silva decide hoje o destino da candidatura do senador José Paulo Bisol (PSB-RS) a vice-presidente. Até a noite de ontem, a tendência era pela manutenção de Bisol na chapa encabeçada por Lula. O candidato petista retorna hoje a São Paulo e pode se encontrar com Bisol, que tem uma reunião agendada com a cúpula petista para explicar as denúncias de que teria se aproveitado de empréstimos bancários privilegiados. A situação no PT é tensa, apesar do atestado de "legalidade" que o partido passou anteontem às polêmicas transações financeiras envolvendo o senador. Em todas as declarações públicas em defesa de Bisol, Rui Falcão (presidente do PT) frisou a "legalidade" das operações financeiras de Bisol. Falcão, porém, evitou ostensivamente comentar o caso sob o aspecto ético, um dos mais caros à base militante do partido. O raciocínio hegemônico, por enquanto, é o pragmático: as duas soluções possíveis (manutenção ou saída de Bisol da chapa) são ruins, mas a troca do vice seria pior. O PT não quer entrar numa discussão interminável para definir o nome de um novo vice para Lula. A maioria da cúpula petista acha que, mais difícil que convencer Bisol a renunciar, seria fazer o PSB aceitar o fato. Mais complicado ainda, imagina a direção do PT, seria manter unida nesse processo a frente que apóia Lula e evitar que a discussão volte a fragmentar o próprio partido, momentaneamente unido devido à perspectiva de vitória de Lula. Rui Falcão tentou ontem minimizar o encontro de hoje com Bisol. "Vamos conversar para repassar os últimos acontecimentos e pensar em iniciativas contra as calúnias em curso contra Bisol", disse. Apesar das declarações de Falcão, é grande o constrangimento no PT. O secretário do partido, Gilberto Carvalho, admite o descontentamento interno com a situação. "É evidente que existe um grande desconforto nas bases, mas não podemos fazer nada sem antes ouvir o senador", declarou Carvalho. A torcida, entre os que defendem a substituição de Bisol, é que o próprio senador tome a iniciativa de retirar sua candidatura, para não prejudicar mais a campanha de Lula. O candidato petista, no entanto, mostrou-se refratário, nas primeiras sondagens, ao sacrifício de Bisol. Se Bisol desistir da candidatura, os nomes mais prováveis para substituí-lo são os de Célio de Castro (PSB), vice-prefeito de Belo Horizonte, e, mais remotamente, Roberto Freire (PPS-PE). Freire teria que vencer um obstáculo legal: existe o entendimento que a lei determina que o susbstituto só poderá ser de partido diferente do vice que renuncia se o partido do antigo vice (no caso, o PSB) abrir mão da vaga. Texto Anterior: Permanência de Bisol racha a frente pró-Lula Próximo Texto: O INFERNO ASTRAL DO PT Índice |
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