São Paulo, quarta-feira, 13 de julho de 1994
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Intelectuais fazem manifesto pró-Lula

FERNANDO DE BARROS E SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

Preocupados com a ofensiva da candidatura de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), cerca de 100 intelectuais que apóiam Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lançam na segunda-feira, durante a reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Vitória (ES), um manifesto de apoio à candidatura presidencial petista.
A intenção do texto, segundo um de seus formuladores, mais do que ratificar uma posição já conhecida daqueles que o assinam, é chamar a atenção do eleitorado para o fato de que Fernando Henrique, um intelectual, não tem o voto de alguns de seus mais significativos colegas de profissão.
Além disso, o manifesto dos petistas pretende responder, ainda que de forma alusiva, às críticas que o tucano vem fazendo a Lula, sobretudo no que se refere à suposta "falta de competência" do PT para governar o país.
Nas discussões que prepararam o texto final do manifesto (que a Folha publica hoje), chegou-se a cogitar um tom mais agressivo, que demarcasse com clareza a instasfação do meio acadêmico com a postura que FHC vem assumindo até aqui na campanha eleitoral.
Parte do núcleo que fez o documento defendeu que este deveria deixar claro que, ao acusar Lula de "incompetente", FHC estaria sendo "anti-republicano" e, mais do que isso, estaria "açulando o preconceito de classe no país".
A versão aprovada é mais branda. Nela se lê: "Em sua longa luta pela democratização do país, Lula adquiriu conhecimento, experiência e representatividade para enfrentar as causas das desiguldades sociais e dos desequilíbrios econômicos". O alvo da frase é FHC.
Lula deve receber e ler o manifesto na segunda-feira à tarde, em Vitória, transformando a reunião da SBPC num ato de campanha.
Entre os nomes que assinam o documento estão os cientistas políticos Francisco Weffort, Paulo Sérgio Pinheiro e José Álvaro Moisés, a filósofa Marilena Chaui, os críticos literários Antonio Candido e Roberto Schwarz, o historiador Luiz Felipe de Alencastro e o economista Francisco de Oliveira, atual presidente do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), do qual FHC foi fundador em 1969 e presidente.

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