São Paulo, quarta-feira, 13 de julho de 1994
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Itamar desiste de pedir retratação formal ao presidente da Argentina

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA E DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente Itamar Franco recuou ontem na determinação de obter uma retratação formal do presidente da Argentina, Carlos Menem, sobre as críticas ao valor do salário mínimo brasileiro.
Itamar desautorizou o embaixador do Brasil na Argentina, Marcos Azambuja, a buscar as explicações de Menem. Esta orientação dada anteontem, em audiência com o embaixador.
O presidente justificou, por intermédio de sua assessoria, ter a "expectativa de que o governo argentino não interfira mais em questões internas do Brasil".
Na semana passada, Carlos Menem disse que o salário mínimo brasileiro é metade do que ganha um aposentado em seu país. Esta declaração irritou Itamar Franco.
Em carta enviada na última sexta-feira a Itamar, o presidente argentino reforçou o convite para reunião do Mercosul, em Buenos Aires, no dia 5 de agosto. Itamar ameaça não participar.
Na carta divulgada ontem pelo Planalto, Menem não pediu desculpas, mas disse reconhecer o empenho do governo brasileiro para retomar o crescimento econômico e social do Brasil.
Itamar determinou que o embaixador Azambuja buscasse explicações oficiais de Menem, anteontem, depois de receber a carta. O recuo só ocorreu ontem.
Menem
Menem está disposto a receber o embaixador do Brasil na Argentina para pôr fim ao mal-estar criado por suas opiniões sobre a situação econômica brasileira.
Marcos Azambuja deve se reunir amanhã com o chanceler argentino, Guido di Tella.
O presidente argentino recorreu a elogios para recompor as relações com o Brasil, depois de irritar Itamar.
"O processo de transformação posto em marcha no Brasil deu resultados muito positivos nos últimos dias", disse Menem a empresários na Bolsa de Valores de Buenos Aires.
O incidente é o segundo que os dois presidentes protagonizam desde a 4ª Cúpula Ibero-Americana, em Cartagena (Colômbia).
Itamar reagiu quando Menem apoiou a candidatura do presidente do México, Carlos Salinas de Gortari, para dirigir a Organização Mundial do Comércio (OMC). O Brasil indica o ministro Rubens Ricupero (Fazenda) para o cargo.

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