São Paulo, quinta-feira, 14 de julho de 1994
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Manicômio registra 20 desaparecimentos

LUIS HENRIQUE AMARAL

A polícia de Mauá (29 km a sudoeste de São Paulo) investiga o desaparecimento de 20 internos no manicômio São Marco nos últimos dois anos.
A informação foi dada à Folha pelo delegado Iasei Naramato, do 3º DP de Mauá, que centraliza as investigações sobre o caso.
O manicômio, que está desativado deste março, está sendo investigado pelo Ministério Público a partir das denúncias do ex-interno M.A.F., que não quer se identificar temendo represálias.
Em depoimento feito em junho, M.A.F. afirmou que ajudou a enterrar nos fundos do manicômio os corpos de quatro internos mortos por espancamento.
Além dos desaparecidos, há outros 20 casos de fuga registrados no manicômio no mesmo período. Nesses casos, os internos foram localizados depois que as famílias registraram o desaparecimento.
Um dos casos de desaparecimento investigado pela polícia é o do estivador João Gomes Pereira.
Ele foi internado para tratamento de alcoolismo em 12 de dezembro de 92. Quatro dias depois, sua mulher foi avisada pelo manicômio de que ele havia passado mal e estaria em um hospital.
Ao chegar no hospital, a mulher foi informada que ele teria fugido.
"Isso é um absurdo, os registros mostram que ele entrou no hospital com hemorragia no estômago, quase em estado de coma. Ele não teria forças para fugir", diz Vera Lúcia, mulher do estivador.
Segundo Vera Lúcia, seu marido era muito apegado à família. "Nós temos uma filha de oito anos que ele adorava, ele não iria nos abandonar", afirma.

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