São Paulo, sexta-feira, 15 de julho de 1994
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"Conexão Cangaço" quer mudança de vice

CARLOS MAGNO DE NARDI e CARLOS EDUARDO ALVES

CARLOS MAGNO DE NARDI ; CARLOS EDUARDO ALVES; CARLOS ALBERTO DE SOUZA E FABIO GUIBU
DA REPORTAGEM LOCAL

O principal empecilho para a continuidade de José Paulo Bisol na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência é o seu próprio partido, o PSB.
Irritados com a falta de apoio interno, os integrantes da cúpula da campanha de Bisol começam a identificar seus principais inimigos, entre eles o presidente nacional do PSB, o ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes.
Segundo os principais assessores do senador gaúcho, Arraes comandaria a "Conexão Cangaço", uma articulação de bastidores destinada a enfraquecer a candidatura de Bisol.
A "Conexão Cangaço" seria formada por políticos pernambucanos ligados a Arraes e ao deputado Roberto Freire (PPS-PE).
O filho do senador, Jairo Bisol, um de seus principais assessores, não nega a articulação. "Meu pai está acima dessas coisas", disse.
Na opinião da cúpula da campanha do PSB, Arraes agiria contra Bisol movido por dois motivos: vingança à denúncia apresentada pelo senador gaúcho durante a CPI do Orçamento e seu desejo em não compartilhar poder no PSB.
Durante as investigações da CPI, Bisol denunciou que Arraes teria pedido US$ 30 mil para despesas de campanha eleitoral.
A denúncia de Bisol foi feita com base em documentos encontrados pela CPI do Orçamento na casa de um dos diretores da Odebrecht, Ailton Reis, em Brasília.
A articulação de Arraes é confirmada pelo PSB do Rio Grande do Sul.
Segundo o secretário-geral do PSB gaúcho, Ebrain Shain, Arraes se transformou em "cabo eleitoral" de Freire e quer vê-lo como substituto de Bisol na chapa de Lula.
Arraes negou ontem em Recife, por meio de sua assessoria, que esteja tramando a saída de Bisol em favor de Roberto Freire.
Arraes, segundo a assessoria, acha que não se deve fazer prejulgamento a respeito de Bisol.
Mas em São Paulo, Waldo Silva, da Executiva do PSB e ligado a Arraes afirmou que Arraes considera essencial "ver o que é mais importante para a candidatura Lula". Silva disse ainda que estava procurando "uma saída que não pode ser humilhante para Bisol".
A hostilidade entre Arraes e Bisol começou a ser montada às vésperas da visita de Lula a Petrolina (PE), terça-feira.
Em conversa com deputados federais do PSB de Pernambuco, na segunda-feira, Arraes confidenciou que a situação de Bisol era insustentável.
Em poucas palavras, como é de costume, o presidente do PSB e candidato ao governo de Pernambuco disse que a substituição teria que ser rápida.
O mesmo foi dito ao deputado federal Roberto Freire (PPS-PE), que é candidato ao Senado na chapa de Arraes.
Freire foi o primeiro dos aliados de Arraes a pedir publicamente, durante a visita de Lula a Petrolina(PE), a renúncia de Bisol.
Além de não gostar nem um pouco de Bisol, Arraes ainda avalia que a permanência dele na chapa poderá prejudicar o PSB em Pernambuco.
Arraes aposta numa boa votação de Lula em Recife, o que ajudaria a sua candidatura ao governo pernambucano. Embora seja muito forte no interior, o presidente do PSB enfrenta dificuldades eleitorais na Capital.
A crise no PSB ficou mais clara depois que o deputado Fernando Lyra (PSB-PE), um dos políticos mais próximos a Arraes, consideroui insustentável a posição de Brraes. "Não sei se o Lyra é tão ligado ao Arraes como foi a Brizola", respondeu Roberto Amaral, um dos dirigentes do PSB.
PT pernambucano
Hoje, a Executiva do PT pernambucano reúne-se para discutir nomes que poderiam substituir Roberto Freire na candidatura ao Senado, caso o deputado substitua Bisol como vice de Lula.
O PT, PPS e PSB estão coligados também nas eleições de Pernambuco.

Colaboraram
CARLOS ALBERTO DE SOUZA
FABIO GUIBU

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