São Paulo, sexta-feira, 15 de julho de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Periferia cobra 61% mais que os Jardins

DA REPORTAGEM LOCAL

O consumidor da periferia paga mais caro do que o dos Jardins. A Folha escolheu 25 produtos vendidos em supermercados e constatou que eles podem custar até 61% mais num bairro mais pobre.
A comparação foi feita com dois supermercados –o Santa Luíza e o Santa Luzia. O primeiro fica na estrada de Itapecerica da Serra (próximo a zona sul de São Paulo) o outro nos Jardins (zona oeste).
Apesar da semelhança nos nomes, eles não têm nada em comum nos preços. Dos 25 produtos cujos preços foram comparados, 21 custavam mais caro no Santa Luíza.
A maior diferença de preço foi verificada na farinha de trigo Sol (1k). No Santa Luíza, custava R$ 0,87 na última quarta-feira. No Santa Luzia, R$ 0,54.
Ou seja, quem comprou no Santa Luíza pagou pelo produto 61% mais do que quem comprou no Santa Luzia.
Outro produto que registrou grande diferença de preço –de 50,5%- foi o amaciante de roupas Comfort (500 ml). No Santa Luíza, custava R$ 1,46. No Santa Luzia, R$ 0,97.
O único produto que tinha o mesmo preço nos dois supermercados era o pacote de Fósforos Pinheiro, que estava por R$ 0,75.
Outros três, estavam mais baratos no Santa Luíza. O Toddy (400 gr.) custava R$ 1,19 no Santa Luíza e R$ 1,41 no Santa Luzia.
O coco ralado Socôco (100 gr.) custava respectivamente R$ 1,52 e R$ 1,89. O tempero Arisco sem pimenta saía por R$ 0,81 e R$ 0,87, respectivamente.
Sei Motoyoshi, sócio-proprietário do Santa Luíza, aposta numa redução de preços dos produtos de até 30% porque as indústrias retomaram a prática dos descontos.
Segundo ele, vai ser muito mais fácil negociar com os fornecedores daqui para frente porque as vendas estão fracas. "É a lei da oferta e da procura."
Jorge da Conceição Lopes, sócio-proprietário do Santa Luzia, diz que a informatização da empresa permite acompanhar o custo financeiro de cada mercadoria.
Isso, diz ele, permitiu um cuidado maior com os preços. Na sua análise, os preços dos produtos também subiram porque os supermercadistas ficaram apavorados com a troca de moeda.
Sussumu Honda, sócio-proprietário do supermercado Terra Nova, que tem seis lojas em São Paulo, diz que os supermercados da periferia geralmente se abastecem dos atacados -que estavam com preços mais altos em junho.
"Mas as grandes indústrias já estão visitando os pequenos supermercados. Por isso, a tendência é a de os preços caírem na periferia", diz ele.(Fátima Fernandes)

Texto Anterior: Supermercados vendem 10% a menos
Próximo Texto: Juros altos já inibem as vendas de açúcar
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.