São Paulo, sexta-feira, 15 de julho de 1994
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500 mil obtêm reajuste fora da data-base

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

Desde março, mais de 500 mil trabalhadores no Estado de São Paulo conseguiram, fora de suas datas-bases, atencipações e até aumentos sobre os salários já convertidos em URV (ou em reais).
A lei da URV fixa reposição pelo IPC-r só na data-base.
Mais de 2.500 trabalhadores da base do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas, Farmacêuticas, Plásticas e Similares do Estado de São Paulo (CUT) obtiveram em junho junto a mais de 16 empresas antecipações de até 20% e aumentos de até 10%.
A data-base da categoria é em novembro. Entre essas empresas estão a Avon, Artex Tintas, Unipac e Galdoplast.
"Como os preços não estão congelados, fizemos uma campanha salarial de emergência para repor perdas de até 30%", diz Claudemir Donizete Chimato, diretor.
Segundo ele, as negociações com a Fiesp estão emperradas.
"Alguns empresários reconhecem perdas. O repasse aos preços não está descartado", diz Fernando Mattos, economista do Dieese.
Também cerca de 360 mil metalúrgicos do Estado, da base da Força Sindical (data-base em novembro), conseguiram aumentos ou antecipações de até 40%, diz Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo.
Segundo ele, houve acordo até com quatro sindicatos patronais: do setor de autopeças, de esquadrias metálicas, parafusos e do setor siderúrgico.
"Não vamos fazer campanha contra o Plano Real mas não podemos permitir perdas salariais."
Junto aos 20 sindicatos patronais que não concederam aumento, o sindicato já entrou com pedido de reposição de 15,81% (que, segundo Paulinho, representam as perdas do período URV até a implantação do real) e gatilho de 8%.
"Eu espero que esses aumentos não sejam repassados aos preços."
Também cerca de 80 mil trabalhadores da base da Federação dos Trabalhadores em Indústrias Químicas e Farmacêuticas do Estado de São Paulo, independente, conseguiram até 30%.
"A Fiesp tem nos procurado, mas disposta a dar apenas 5%", disse o diretor Sérgio Luiz Leite.
Há casos, como o dos trabalhadores de distribuição de gás de São Paulo, ABC, Guarulhos e Osasco, com data-base em setembro, que os aumentos foram concedidos pela própria Justiça trabalhista.

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