São Paulo, sexta-feira, 15 de julho de 1994
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Promotor Mãos Limpas renuncia

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O promotor italiano Antonio Di Pietro pediu afastamento das investigações de corrupção conhecidas como Operação Mãos Limpas que desde 92 mudaram o panorama político da Itália.
Di Pietro e três colaboradores –Piercamillo Davigo, Francesco Greco e Gherardo Colombo– renunciaram em protesto contra lei que limita o poder dos promotores de pedir prisões preventivas.
A lei foi decretada pelo gabinete do premiê Silvio Berlusconi e deve entrar em vigor assim que for publicada, provavelmente hoje.
A lei tornará inútil uma das maiores ações policiais desde o início da Operação Mãos Limpas, realizada ontem.
Dez pessoas foram presas, entre elas Alberto Falck, proprietário da principal siderúrgica privada da Itália.
Outras 2.000 pessoas deverão ser soltas com a nova lei. Ela proíbe que suspeitos sejam mantidos presos mesmo sem acusação enquanto são investigados.
Esse tipo de prisão só será permitido, agora, para casos de envolvimento com o crime organizado, tráfico de drogas e terrorismo.
A Operação Mãos Limpas começou com a prisão de um funcionário do Partido Socialista em Milão. Depois, Di Pietro e seus colegas, foram pedindo centenas de prisões preventivas.
Suspeitos presos fizeram denúncias que levaram a acusações contra os maiores empresários do país e toda a cúpula política, incluindo ex-primeiro-ministros.
Di Pietro e seus colegas pediram para ser postos em "casos em que não haja choque entre o que dita a consciência e o que a lei impõe".
O líder do Partido Democrático de Esquerda (PDS), Massimo D'Alema, pediu a Berlusconi que retire o decreto. "Assim evitará um duelo não com as oposições mas com a consciência civil do país", disse.
O governo justifica o decreto dizendo que ele deverá coibir eventuais abusos do Judiciário.
Berlusconi foi um dos beneficiários da Operação Mãos Limpas. Ele venceu a primeira eleição de que não participaram os partidos que dominaram o país desde o fim da Segunda Guerra, tirados de cena por denúncias de corrupção.
Di Pietro se tornou tão popular que Berlusconi o convidou para ser ministro do Interior de seu gabinete. O promotor recusou alegando que estava muito ocupado.
O deputado Vittorio Sgarbi, do partido de Berlusconi, disse que Di Pietro e seus colegas são assassinos e não farão falta.
"Melhor seria eles irem rezar por todas as pessoas que fizeram morrer", disse Sgarbi em alusão a acusados de corrupção que cometeram suicídio.

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