São Paulo, sábado, 16 de julho de 1994
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A vantagem brasileira está no ataque

MATINAS SUZUKI JR.
ENVIADO ESPECIAL A LOS ANGELES

Meus amigos, meus inimigos, a seleção italiana não conseguiu um bom desempenho em conjunto nesta 15ª Copa do Mundo de futebol. Mas isto não significa que não tenha bons jogadores.
Fora o talento de Roby Baggio, a principal força do time está no seu meio-campo. Não se sabe ainda a formação que o sempre surpreendente Arrigo Sacchi usará inicialmente amanhã.
(Seja por contusões, seja por suspensões, seja pelos caprichos da suas alquimias táticas e estratégicas, ele já pôs quase todos os seus 22 jogadores em campo nos seis jogos deste torneio).
O setor intermediário de jogo é o que concentra, pela multiplicidade das suas funções, a maior importância no sistema de jogo do time italiano. Ele é uma mola: retrai e expande num zás-trás.
A menos que Sacchi resolva tornar o futebol um container de surpresas, Dino Baggio (nem parentesco com Roberto) e Albertini estarão no time amanhã. No Brasil, seriam Dunga e Mauro Silva.
O que têm em comum com os brasileiros? Não são dois jogadores criadores. O que têm de pior? São mais fracos na destruição do que os brasileiros. O que têm de melhor? Mais velocidade.
Demetrio Albertini (11, joga no Milan, de Milão) e Dino Baggio (13, joga na Juventus, de Turim), são os dois jogadores mais jovens do time. Têm a mesma idade: 23 anos. São os pulmões da equipe.
Como ala direito (correpondente a Raí ou Mazinho, se o Brasil usar o 4-4-2), quem deu melhor resultado foi Nicola Berti (14, Internazionale de Milão) talvez o jogador com menos habilidade do time.
Mas tem fôlego de sete gatos, corre o tempo todo e faz volume no ataque e na defesa. Já na ala esquerda reside a grande dúvida do meio-de-campo da 'Azzurra'.
Tudo indica que ele deverá entrar jogando com o experiente Roberto Donadoni (16, Milan). Donadoni é o jogador mais habilidoso da Itália depois de Baggio, além de bom chutador.
Mas está lento, apático e tem sido bastante criticado pela imprensa. A alternativa é o quase estreante na seleção Antonio Conte (15, Juventus), que daria menos habilidade, mas mais vigor ao time.
Se tivesse que arriscar um palpite, eu diria que tirando os lances de gênio de um Romário, de um Bebeto, de um R. Baggio, a vitória dependerá de quem ganhar o paciente duelo no meio-de-campo.
Se R. Baggio entrasse jogando, Sacchi poderia ainda reservar uma surpresa a Parreira e entrar com três atacantes. Com Baggio fora, ele pode até aparecer com um atacante só.
O forte do conjunto da Itália é a rapidez com que o time vai e volta verticalmente. A grande desvantagem é o ataque: seja qual for a dupla de atacantes, a do Brasil é muito superior.
Na defesa, ocorreu algo semelhante nos dois times. As contusões e suspensões obrigaram os dois técnicos a não usarem as formações titulares previstas.
Nos bancos, um duelo interessante. Os dois técnicos mais amados e mais odiados pela sua própria torcida. Em uma terra, um amanhã será Deus. Na outra, o outro será do Diabo. Ou o contrário.

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