São Paulo, segunda-feira, 18 de julho de 1994
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MELHORES E PIORES DA COPA 94

MATINAS SUZUKI JR.
ENVIADO ESPECIAL A LOS ANGELES

Depois de pegar quase 50 vôos e viajar quase 60 mil km, de mais de 20 jogos vistos ao vivo, depois de frequentar as sedes da Copa e de passar por uma dezena de hotéis e duas dezenas de cidades diferentes, aí vai a escalação do melhor e do pior off-futebol.
Na página seguinte, o melhor e o pior dentro do futebol, escolhidos em parceria com Sílvio Lancellotti. Como estamos em Hollywood, todos os premiados ganharão um Oscar.

Oscar de Canção Que Italianos e Brasileiros Gostariam de Cantar Hoje:
"La Vie en Rose (Bowl)"

Oscar de Música Nem Italianos e Nem Brasileiros Gostariam de Ouvir Hoje:
"Gloryland", o hino mais chato de todas as Copas do Mundo.

Oscar do Objeto do Desejo da Copa:
Garrafa de água térmica com canudo de plástico, importada do ciclismo. Daqui para a frente, um item básico no equipamento das seleções. Entrará para a memorablia americana.

Oscar de Item Personalizado desta Copa:
A "necessaire" que Taffarel leva para o campo. Ainda não descobriram o que tem dentro.

Oscar de Carro Como Ator Principal da Copa:
A perua Bronco branca de O.J. Simpson. Ficou quase um dia inteiro, em todas as televisões, ao vivo, com o seu dono, ao volante, ameaçando o suicídio. Será o nome de um filme sobre o caso O.J.

Oscar de Carro Como Ator Coadjuvante da Copa:
O conversível vermelho de Romário, que já vem equipado com uma loura como cortesia californiana.

Oscar de Casal (?) Principal da Copa:
Hum, hum... Uns dizem que sim... ...outros dizem que não... Michael Jackson e Lisa Marie Presley.

Oscar de Roupa Suja Só Se Lava na Frente das Câmeras em Comercial do Omo:
Galvão Bueno e Pelé.

Oscar de Cerveja da Copa:
A cerveja mais forte e com tradição cívica chamada Samuel Adams. Definitivamente, torcedor de futebol não gosta da aguada Bud. Samuel Adams, que é de Boston, disse certa vez: "O país precisa ser independente e nós não estaremos satisfeitos com nada menor do que isto". Cheers!

Oscar de Pior Estádio da Copa:
A fazendinha do Stanford Stadium, em Palo Alto, onde o Brasil fez a maior parte dos seus jogos. A Universidade de Stanford, braço armado do Politicamente Correto nos EUA, bem que poderia abraçar a causa da Assitência Confortavelmente Correta.

Oscar de Pior Calçado Para Jogar Futebol:
Há quem diga que são os tamancos abóbora da torcida holandesa. Mas eles dificilmente baterão as botas texanas de ponta-de-agulha. Não haverá bola que resista a um chute de bico.

Oscar de Patrocinador Que Mais Perdeu Com a Copa:
A Adidas. Os finalistas desfilaram com a etiqueta Umbro, Brasil, e Diadora, com figurino Armani, a Itália.

Oscar de Leitura de Bordo da Copa:
O livro "Agenda", do repórter Bob Woodward, sobre os bastidores da Casa Branca dos Clintons. Woodward é o mesmo repórter do caso Watergate. O livro é tão informado sobre a intimidade do poder que dizem que alguns despachos internos de Clinton apareceram com a rubrica "Visto por Woodward", em vez de "Visto pelo Presidente".

Oscar de Grande Negócio da Copa:
Os vídeos pagos "para adultos" nos hotéis. Com tantos homens sozinhos por tanto tempo durante a Copa, a TV sexual teve mais audiência do que muitos jogos do Mundial.

Oscar de Cidade Onde Certamente Você Será Roubado na Tarifa do Táxi:
As vizinhas Nova York e Newark.

Oscar de Taxistas Mais Exóticos:
Dois genuinamente nativos, isto é, dois americanos autênticos encontrados em Chicago.

Oscar de Nome de Companhia de Táxi Mais Hilário:
Taxi Old Pancho, de Newark.

Oscar de Melhor Figurino Entre os Jornalistas:
As túnicas étnicas da imprensa nigeriana. Multiculturalismo no país do multiculturalismo.

Oscar de Melhor Paletó Entre os Jornalistas:
Paletós de algodão certo-inglês-em-verão-indiano-no-século-passado da liquidação da Brooks Brothers, em todas as sedes do Mundial.

Oscar de Horror Show:
O paletó azul-piscina e as gravatas da equipe da Fifa.

Oscar de Melhor Perro Caliente (Como Dizem os Vendedores Para a Torcida Mexicana):
Os clássicos hot-dogs da rede de Harry M. Stevens, no Giants Stadium, em Nova York. Harry M. Stevens inventou, há 90 anos, o hot-dog. Vive bem dele até hoje. Vende, em média, 119 mil unidades, a US$ 3,50, em cada jogo no Giants Stadium.

Oscar de Melhor Avião do Mundial:
Boeing 767 Luxury da American Airlines, com suas poltronas de couro.

Oscar de Avião dos Aviões do Mundial:
O vôo 909 da United Airlines, às 21h do sábado, 18 de junho, de Nova York para Los Angeles. Foi o vôo com mais concentração de mulher bonita por poltrona de avião. Você já sabe: elas e LA.

Oscar de Torcida Que Mais Sujou Estádios:
"Hincha" argentina, com a sua mania de achar que futebol se joga sobre papéis picados e não sobre a grama.

Oscar de O Que É Que Eu Estou Fazendo Aqui?
George Bush no jogo Argentina X Nigéria, no Foxboro, em Boston.

Oscar de O Que É Que a Copa Veio Fazer Aqui?
Detroit. E o que é que nós fomos fazer lá?

Oscar de Melhor Iguaria da Estação da Copa:
Os pequenos caranguejos sem casca, luxo da primavera e do verão americano, na mesa dos melhores restaurantes.

Oscar de Melhor Cidade da Copa:
Chica-gol (poderia ser San-Fran, mas ela só foi sede de mentirinha: ali não houve nenhum jogo).

Oscar de Cidade Mais Feia da Copa:
East Rutherford, onde fica o Giant Stadium. É o fim do mundo ao lado do centro do mundo, Nova York.

Oscar de Palavra da Copa:
Stravaganza. Os americanos usam para qualquer coisa.

Oscar de Cor da Copa:
Azul, que vestiam Brasil e Itália quando se classificaram para a final.

Oscar de América Não Passa de Uma Freeway Que Vai a Um Estádio de Beisebol:
Para a Western Avenue de Chicago, considerada a mais longa avenida do mundo.

Oscar de Fazendo a América Gritando Goooool:
Andres Cantor, o narrador da rede em espanhol Univision, que virou um cult dos locais e dos latinos nas transmissões dos jogos.

Oscar de Jornal Que Melhor Cobriu a Copa:
"Chicago Tribune", que tentou fazer a cobertura mais didática.

Oscar de É Verdade Que Existe Copa do Mundo?
"The Wall Street Journal".

Oscar de Melhor Texto Sobre Jogos da Copa:
Laurie Mifflin, do "The New York Times", narrando o jogo em que a Bulgária despachou a Alemanha.

Oscar de Melhor Manchete da Copa:
"Chega de jogo psiquiátrico", da "Gazetta dello Sport", depois da derrota da Itália contra a Irlanda do Norte.

Oscar de A Maca Para Os Maqueiros:
Para os carrinhos de golfe que transportavam os jogadores machucados para fora do campo. Salvavam os jogadores e contundiam a grama.

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