São Paulo, segunda-feira, 18 de julho de 1994
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Bolsa de SP sobe 12,6% em 15 dias

FIDEO MIYA
DA REPORTAGEM LOCAL

Na primeira quinzena de julho, o índice Bovespa –que mede o desempenho das ações mais negociadas na principal Bolsa de Valores do país– acumulou uma respeitável valorização de 12,6%.
Pequenos e médios investidores dos fundos de ações tradicionais foram beneficiados com rentabilidade média de 5,82% até o último dia 14, segundo levantamento da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento).
Os fundos de ações carteira livre renderam 6,48% no mesmo período.
Mas o sobe-e-desce das cotações nesse período (veja quadro ao lado) indica que o mercado de ações ainda não conseguiu definir o seu rumo, em meio ao fogo cruzado de fatores internos e externos atuando em sentidos opostos (leia texto ao lado).
Especialistas do mercado, como o consultor de investimentos Luiz Antonio Vaz das Neves, da KNA Consultores, recomendam cautela para os pequenos e médios investidores, sem fôlego financeiro para bancar perdas no médio prazo.
Ele adverte que predominam nos pregões os movimentos dos megainvestidores –principalmente bancos– que realizam negócios no mercado à vista conjugados com operações nos derivativos (opções da Telebrás e índice Bovespa futuro).
Neves observa que, não por acaso, há uma correlação direta nas oscilações dos volumes financeiros e nas cotações dos mercados à vista da Bovespa e futuro da BM&F (Bolsa de Mercadorias e de Futuros de São Paulo).
As altas ou baixas do índice Bovespa são determinadas basicamente por seis papéis –Telebrás PN, Eletrobrás ON e PNB, Petrobrás PN, Cemig PN e Vale do Rio Doce PN. Eles respondem por 70,09% do índice da Bolsa paulista.
Engenharia financeira
Os megainvestidores concentram suas operações nesses seis papéis: compram à vista e vendem contratos de índice futuro na BM&F, com um dos seguintes objetivos:
1) "hedge" (proteção contra eventuais baixas futuras);
2) financeiro (grosso modo, a diferença entre as cotações dos índices Bovespa à vista e futuro correspondem à taxa de juros que será obtida no vencimento dos contratos futuros). Neste caso, atuam como "financiadores" do mercado.
Outra forma de "financiamento" pode ser feita com a compra de Telebrás PN à vista e a venda de opções de compra do mesmo papel.
São comuns também as operações puramente financeiras, conhecidas como "box", desde que a taxa de juros embutida seja mais vantajosa do que a projetada pelo CDI (Certificado de Depósito Interbancário).
Elas casam aquisições à vista com compras e vendas conjugadas de séries diferenciadas de opções de compra e de venda do mesmo papel (Telebrás PN).
O principal agente de alta ou baixa consistente nas Bolsas de Valores do país é o capital estrangeiro.
Existem analistas –como é o caso de José Carlos Batelli Corrêa, colaborador do Banco Brascan– que identificam uma tendência de alta, apostando que o dinheiro estrangeiro voltará em quantidade expressiva às Bolsas, estimulado por dois fatores mostrados pelas pesquisas:
1) aprovação ao Plano Real pela maioria da população;
2) ascensão de Fernando Henrique Cardoso e queda de Luiz Inácio Lula da Silva na preferência do eleitorado.

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