São Paulo, segunda-feira, 18 de julho de 1994
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Quase morremos, mas somos campeões

MARCELO FROMER; NANDO REIS
ESPECIAL PARA A FOLHA

A incontestabilidade da campanha brasileira não nos faz demover de algumas opiniões. Ninguém nos convence de que foi este esquema medroso que garantiu nosso sucesso nesta Copa.
Podem até, se quiserem, chamar a nós de teimosos agora, mas esse mesmíssimo esquema sem a genialidade de Romário e a devoção dos outros 21, e provavelmente teríamos voltado para casa mais cedo.
A seleção tal qual preconizaram nossos técnicos, que uniria a combatividade à criatividade, emperrou neste segundo critério.
Com um meio campo pouco inspirado, vimos um time jogar "valsadamente", exagerando no dois pra lá dois pra cá.
Não fosse Bebeto e Romário resolverem sair da grande área em busca de uma bola mal tratada, e também o fato de terem durante a competição aparentemente estreitado suas relações dentro e fora das quatro linhas, e talvez não fôssemos campeões ou vices deste torneio.
Gostaríamos de aproveitar a oportunidade para esclarecer, a quem for preciso, que escrevemos aqui neste jornal na condição de cronistas esportivos, e assim sendo engrossamos um descontentamento generalizado da imprensa especializada (não toda), que mesmo com o título na mão não acredita na filosofia perpetrada pela comissão técnica, por Zagalo e Parreira.
A imprensa cumpriu o seu papel na medida que incomodou sobremaneira Parreira, e de certa maneira o fez pensar mais de uma vez antes de decidir sobre o que fazer com a nossa seleção durante essa Copa do Mundo.
Se alguns jogadores se mostram descontentes com a imprensa, estão exercendo seus plenos direitos, mas que não venham alguns pulhas desta própria imprensa recriminar quem não acredita no antifutebol.
E, dentre as grandes frases de efeito proferidas durante a Copa, gostaríamos de lembrar uma delas. Time que tem Romário, pode se dar ao luxo de ter Parreira.
E se isso é o que de melhor podemos apresentar num campeonato mundial, com todos os valores que temos no Brasil, e você é mais um que concorda com isso, nós podemos até estar assim com Arisco, mas não assim com você.

Marcelo Frommer e Nando Reis são integrantes da banda Titãs. Sua coluna na Copa sai aos sábados, domingos e segundas-feiras.

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