São Paulo, segunda-feira, 18 de julho de 1994
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'Jogamos contra a imprensa', diz Romário

FERNANDO RODRIGUES
ENVIADO ESPECIAL A PASADENA

O atacante Romário de Souza Faria, 28, disse ontem que a seleção brasileira "jogou contra o adversário e contra 60% da imprensa brasileira".
Para ele, o título conquistado ontem "vai calar a boca" dos críticos da seleção brasileira de futebol. Ele não quis dizer quem são esses críticos.
"Tenho certeza que muitas rádios e que muitas televisões que foram contra vão perder totalmente a sua audiência pelas palhaçadas que fizeram pra gente", disse.
"Eu não guardo rancor de ninguém. Acho que as pessoas tinham que acreditar mais no nosso trabalho. E o resultado foi a resposta. Só isso que tenho que dizer."
Apesar de dizer não guardar mágoas, quando subiu para receber a medalha de campeão, o atacante brasileiro disse para os fotógrafos presentes: "Vocês todos foram contra. Se quiserem fotografar agora vão ter que ir lá na puta que o pariu."
Romário voltou a dizer ontem que deve parar de jogar futebol daqui a dois. Mas não quis elaborar sobre o assunto. "Agora é hora de comemorar, é hora de rir, de chorar de felicidade."
O atacante chorou em campo, depois do jogo, e no vestiário.
"Eu chorei. Tinha que chorar, né? É uma coisa que está na nossa garganta há 24 anos. O mais importante é chegar no Brasil e ver aquele povo todo feliz."
No dia anterior ao jogo, Romário não quis treinar. Tinha ficado acordado até de madrugada e não pediu para ficar no hotel descansando. Não estava entre os cobradores de pênalti do time.
Mas ele disse que pediu para ser um dos cobradores, quando terminou a prorrogação.
"Nos momentos difíceis, os chamados grandes e importantes têm que aparecer. Eu fui lá e fiz o pênalti, como o Dunga fez também. E o Branco fez. Acho que mais uma vez essa geração demonstrou que é campeã. E acabou com essa história de medo na hora do pênalti."
Romário e Dunga foram os jogadores brasileiros escolhidos para fazer o exame antidoping depois da partida de ontem.
Quando apareceram para falar com a imprensa, já era 17h (21h em Brasília). Romário fez questão de dizer que oferecia o título para Ayrton Senna, para "o povo brasileiro" e para seu pai.
Disse que, com o título de tetracampeão, cumpriu sua promessa de fazer dessa a sua Copa do Mundo. Depois do jogo, ele foi escolhido como o principal jogador da competição.
O título, chamado Bola de Ouro, foi concedido pela Fifa (órgão que dirige o futebol mundial) e pela Adidas, um fabricante de material esportivo.
O Bola de Ouro foi criado pela Fifa em 1978. O título da Copa do Mundo de 90 foi dado para Salvatore Schillaci, da Itália.
Romário vai receber sua Bola de Ouro em janeiro do ano que vem, em Lisboa (Portugal).
A apresentação do jogador em seu clube, o Barcelona, da Espanha, está marcada para o dia 1º de agosto. Aos risos, Romário disse que não poderá cumprir essa data. Vai ficar descansando no Rio.

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