São Paulo, segunda-feira, 18 de julho de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Destino e Deus ajudaram, afirma Taffarel

MAURÍCIO STYCER
DO ENVIADO ESPECIAL A PASADENA

O goleiro Claudio Taffarek disse que após a partida contra a Itália que Deus e o destino levaram o Brasil a ganhar a Copa do Mundo pela quarta vez.
"É lógico que uma decisão por penâltis não demonstra qual foi a melhor equipe em campo. Mas acredito em Deus e o nosso destino era ganhar essa decisão."
Taffarel ganhou um prêmio de US$ 10 mil ao fim da partida. Foi eleito o jogador com atuação mais importante na partida, segundo um grupo de jornalistas selecionados pela Mastecard, uma empresa de cartões de crédito.
O jogador doou metada do valor, US$ 5.000, à campanha contra a fome liderada pelo sociólogo Herbert de Souza, o Bentinho, no Brasil. O resto do prêmio será doado a obras de caridade.
Sem que lhe perguntassem, Taffarel disse que não se considerava o herói da partida. "Não fui herói de nada. Toda a equipe foi herói".
O goleiro repetiu que considera uma decisão por pênaltis uma questão de pura sorte. "Pênalti é uma loteria muito grande. Por isso, ninguém gosta de chegar uma decisão por pênaltis."
Taffarel classificou como "fácil" a defesa do pênalti cobrado por Massaro.
"Pênalti é sorte. O goleiro normalmente tenta passar toda a responsabilidade para quem vai bater. A partir do momento em que adivinhei o lado certo em que ele iria chutar, foi fácil agarrar."
Segundo Taffarel, não adianta o goleiro treinar defesas de pênaltis. "O goleiro precisa ficar parado o maior tempo possível antes da cobrança para atrapalhar quem vai bater. Só dá para fazer isso".
Esta foi a terceira vitória importante de Taffarel numa decisão por pênaltis. Jogando pelo Internacional, de Porto Alegre, o goleiro venceu uma decisão com o Grêmio em 1986.
Em 88, nos Jogos Olímpicos de Seul, o Brasil venceu a Alemanha nas semifinais por pênaltis com Taffarel no gol.
"A Itália deve estar chateada por ter chegado tão perto e perdido a partida. Mas esse Mundial, a gente sabia desde o início, era do Brasil. Fomos o melhor time da Copa", disse Taffarel.
Após Baresi ter chutado por cima da trave o primeiro pênalti da Itália, Taffarel abraçou o zagueiro italiano e confortou-o. "Disse a Baresi que, apesar do acontecido, ele continuava sendo um grande jogador".
Taffarel jogou a temporada passada na Reggiana, da Itália. Quer continuar jogando no futebol italiano, mas em outra equipe. "Estou desempregado. Amanhã começo a procurar uma nova equipe, um novo emprego", disse rindo.
Sobre a homenagem da equipe ao piloto Ayrton Senna, Taffarel disse: "Era uma pessoa incrível, uma pessoa que deu muitas alegrias ao povo brasileiro. Sabíamos que a Copa era a única oportunidade de dar tanta alegria ao Brasil quanto o Senna deu".
Atleta de Cristo, Taffarel contou como foi o momento em que todos os membros da delegação se abraçaram e rezaram no centro do gramado.
"Sentimos a mão poderosa de Deus sobre nós. Rezamos bastante", disse.
(Mauricio Stycer)

Texto Anterior: 'Jogamos contra a imprensa', diz Romário
Próximo Texto: Jogadores dedicam o tetra a Ayrton Senna
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.