São Paulo, segunda-feira, 18 de julho de 1994
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Jogadores dedicam o tetra a Ayrton Senna

MAURICIO STYCER
ENVIADO ESPECIAL A PASADENA

Ao final do jogo, os jogadores brasileiros dedicaram a conquista da Copa ao piloto Ayrton Senna, morto dia 1º de maio de 1994 num acidente no GP de Imola, na Itália.
Assim que Roberto Baggio perdeu o seu pênalti, Branco, Ronaldo, Gilmar e Viola abriram uma faixa, no meio do campo, que dizia: "Senna, aceleramos juntos. O tetra é nosso".
Jorginho, Paulo Sérgio, Mazinho e Muller se ajoelharam e rezaram abraçados no gramado.
Vários jogadores, entre os quais Raí, Bebeto, Viola, Branco e Romário se abraçaram chorando.
Ainda em campo, os jogadores carregaram Carlos Alberto Parreira e Zagalo e os atiraram para o alto.
Antes da entrega da taça, os 22 jogadores deram uma volta ao redor do gramado segurando quatro bandeiras do Brasil.
Todos os membros da comissão técnica e todos os jogadores se reuniram, abraçados, no centro do campo e rezaram uma Ave Maria e um Padre Nosso.
Às 15h32 (19h32 em Brasília), Dunga levantou a taça, gritou "porra" e em seguida beijou-a, passando-a para Romário.
Romário passou a taça para Branco, que a passou para Viola, que a entregou a Taffarel. Todos levantaram o troféu e o beijaram.
O vice-presidente dos EUA, Al Gore, participou da cerimônia.
Assim que o juiz apitou o final da prorrogação, antes da decisão por pênaltis, a primeira reação do público foi vaiar os jogadores de Brasil e Itália.
Segundo os organizadores, 94.194 pessoas assistiram o jogo.
A final da Copa atraiu celebridades ao Rose Bowl, como o ator Dustin Hoffman ("Rain Man").
O ex-presidente norte-americano George Bush, acompanhado de sua mulher, Barbara, foi recebido numa área resevada da arquibancada pelo presidente da Fifa, o brasileiro João Havelange.
O ex-secretário de Estado dos EUA Henry Kissinger também assistiu a partida da tribuna de honra.
O zagueiro Alexi Lalas, da seleção norte-americana, comentou a partida para uma emissora de TV. "Não foi a melhor partida que assisti na Copa, mas o Brasil merecia ganhar", disse Lalas à Folha.
O técnico Carlos Alberto Parreira foi vaiado pelo público ao ter seu nome anunciado pelos microfones do estádio antes do jogo. Essa cena se repetiu nas sete partidas que o Brasil disputou na Copa.
Os titulares do Brasil, como fizeram em todas as partidas, entraram em campo de mãos dadas.
O reserva Viola entrou abraçado a uma bandeira do Brasil.
Na guerra das torcidas, os italianos, embora em menor número, fizeram mais barulho.
Os brasileiros, porém, venceram no quesito fantasia. Cinco mulheres foram ao jogo vestindo fantasias de Carmem Miranda.
"Vim assim para animar a festa. Carmem Miranda é a cara do Brasil", dizia a estudante Vanessa Contrera, de São Paulo.
Um homem fantasiado de "frangão" chamava atenção. "Está quente aqui dentro, mas pelo Brasil vale o sacrifício", disse Alcides Andrade, de Cascavel (PR).
Um homem-sanduíche, com as palavras "Jesus save from hell" (Jesus salva do inferno) impressas no peito e nas costas, gritava "Olê, olê, olá, Bíblia! Bíblia".

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