São Paulo, terça-feira, 19 de julho de 1994
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Parreira foi, sim, um estrategista na Copa

ALBERTO HELENA JR.
EM LOS ANGELES

Parreira foi, sim, um estrategista. Talvez, o primeiro da história do nosso futebol em Copas do Mundo.
Não foi brilhante, mas foi eficaz sua estratégia, que nasceu, antes, da necessidade; depois, da análise da situação.
A necessidade, que se pode traduzir por falta de tempo adequado para treinar o time ao longo dos quatro anos e de fazer mais observações às vésperas da Copa, ditou o time em que o técnico se agarrou para ter um mínimo de conjunto durante a competição.
A análise da situação, produto de suas próprias observações e do trabalho sempre competente de Jairo do Santos, o 'espião', dava-lhe um quadro medíocre desse Mundial: todos jogariam com medo do Brasil e explorariam nossos eventuais erros.
Resumindo: todos iriam ao contra-ataque diante do Brasil. Ora, como evitar essa traiçoeira e mortal jogada? Evitando o erro, sobretudo do passe no meio-campo.
Para tanto, era preciso dar a esse setor o máximo de segurança, que se irradiaria até à defesa, e determinar um ritmo lento, cadenciado, uma trama monótona de passes curtos e repetitivos, à espera da oportunidade que o adversário, sim, nos oferecesse.
Isso poderia conduzir a uma sequência de zeros no placar, mas era improvável, pois aí entraria nosso maior aliado: o calor, mortífero principalmente para os europeus, e um preparo físico superior da nossa equipe, fruto do trabalho de Moraci Sant'Anna.
Assim, da estratégia nasceu a tática –o ortodoxo 4-4-2, com dois cabeças-de-área e tudo o mais.
Onde falhou Parreira, pois até mesmo os campeões falham? Na escolha dos jogadores que cumpririam suas respectivas tarefas no meio-campo. A começar por Zinho e Raí, até chegar na escolha de seus eventuais substitutos, quando o próprio treinador passou a desconfiar que teria de substituí-los –Paulo Sérgio e Mazinho. Paulo Sérgio foi um disparate, logo descartado por Parreira. E Mazinho não se ajustaria às funções de Raí nem que a Copa levasse cem anos de duração.
Havia melhores soluções. E Viola provou isso em 15 minutos de jogo.

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