São Paulo, terça-feira, 19 de julho de 1994
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Bomba mata 17 em sede judaica na Argentina

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Bomba mata 17 em sede judaica naArgentina
A explosão de uma bomba no prédio da principal organização judaica da Argentina matou pelo menos 17 pessoas e pode ter deixado mais de uma centena de feridos. O chanceler argentino, Guido di Tella, falou em 22 mortos.
O prédio, localizado no bairro Once no centro de Buenos Aires, foi totalmente destruído. O atentado ocorreu às 9h55.
O edifício abrigava os escritórios da Amia (Associação Mutual Israelita Argentina), e da Daia (Delegação de Associações Israelitas Argentinas).
Cerca de 500 pessoas envolvidas na operação de resgate tentavam ontem à tarde retirar sobreviventes de baixo dos escombros e do porão do prédio.
As primeiras investigações indicam que a explosão foi causada por um carro-bomba.
O abalo danificou prédios vizinhos e veículos próximos do local do acidente. Segundo a Rádio Mitre, de Buenos Aires, um suposto Comando Islâmico assumiu a autoria do atentado.
A polícia deteve ontem no aeroporto internacional de Buenos Aires (Ezeiza) dois estrangeiros, um iraniano e uma alemã, suspeitos de envolvimento no atentado.
Segundo as autoridades, não háprovas contra os dois e eles não foram indiciados, mas apenas colocados à disposição da polícia.
Uma outra bomba, colocada a dois quarteirões da Amia, foi desativada no início da tarde pela polícia argentina.
Além disso, uma hora depois da explosão um alarme falso de bomba no edifício do Ministério da Justiça provocou sua desocupação.
O presidente argentino, Carlos Menem, disse que a ação foi praticada por "profissionais vindos do exterior". O governo decretou três dias de luto oficial.
Para o ministro da Defesa, Oscar Camillón, "não existe dúvida de que alguma mão externa esteja envolvida no atentado".
Menem ordenou o fechamento das fronteiras do país. Uma reunião ministerial de emergência foi convocada ontem. O governo decidiu estabelecer uma comissão especial para investigar o atentado.
Em março de 1992, outro atentado, à embaixada de Israel em Buenos Aires, matou 29 pessoas e deixou outras 250 feridas.
O presidente da Daia, Rubem Beraja, disse que a entidade recebeu há dois meses ameaça de atentado pelo telefone.
Mais de cem pessoas trabalhavam no edifício. A Amia, fundada há mais de cem anos, é a principal entidade judaica na Argentina.
Tem 25 mil sócios e se dedica a atividades assistenciais, culturais e educativas. A Daia, por sua vez, atua como porta-voz da comunidade judaica junto ao governo.
O bairro de Once, local do atentado, é um reduto tradicional de judeus em Buenos Aires. Segundo as estimativas, há mais de 400 mil judeus na Argentina, a maioria vivendo na capital.

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