São Paulo, quinta-feira, 21 de julho de 1994
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Beijo na boca estraga os dentes, diz pesquisa

LUIZ MALAVOLTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BAURU

O beijo na boca pode transmitir bactérias causadoras da cárie. Essa é a conclusão do estudo feito pela pesquisadora Maria Fidela de Lima Navarro, da USP (Universidade de São Paulo), em Bauru.
Segundo o estudo, a saliva é o meio de transmissão da cárie.
Segundo Maria Fidela, uma pessoa pode chegar a ter por mililitro de saliva até 1 milhão de bactérias do tipo "estreptococos mutans" e lactobacilos.
"Essas duas bactérias podem ser transmitidas pelo beijo de uma pessoa para a outra e comprometer a saúde dos dentes", declarou.
Essas bactérias proliferam se a pessoa não mantiver uma rotina diária de higiene bucal.
Maria Fidela diz que se uma pessoa for do "grupo de risco da cárie" pode transmitir 500 mil estreptococos e 100 mil lactobacilos por meio de um simples beijo.
Segundo a pesquisadora, o problema pode ser mais grave quanto mais jovem for a pessoa.
Os bebês com menos de 2 anos, diz ela, são os que mais correm risco. "As mães costumam beijar a boca das crianças e soprar os alimentos dos bebês para esfriá-los. Esses atos inocentes podem transmitir para os filhos as bactérias que provocam a cárie."
A pesquisa indicou que a criança contaminada aos 2 anos tem parte da dentição comprometida até os dez anos.
Segundo ela, uma criança contaminada pode ter até dez dentes cariados quando chegar aos dez anos.
A pesquisadora disse que a cárie é uma doença de fácil contágio.
Segundo ela, uma cárie não-tratada podem resultar em sinusites, endocardites (doença cardíaca) e até câncer na boca.
O Brasil é hoje um dos campeões em cáries. Estima-se que existam no país 1 bilhão de dentes afetados pelo problema.
Saliva artificial
Uma saliva artificial produzida em laboratório é uma alternativa de solução para o mau hálito.
A substância é resultado de dois anos de pesquisa da professora Olinda Tarzia, do Departamento de Bioquímica da USP em Bauru.
Segundo Tarzia, o mau hálito é causada por um processo conhecido cientificamente por "halitose".
"Isso é resultado da baixa produção de saliva pelas pessoas", afirmou a pesquisadora. A disfunção chama-se xerostomia.
Entre as causas da xerostomia está o estresse.
"A falta de saliva impede a limpeza da cavidade bucal e a remoção de microorganismos, que provocam o odor", diz Tarzia.
Ela afirmou que conseguiu a saliva artificial ao sintetizar em laboratório a substância "mucina".
A "mucina", componente da saliva humana, é uma espécie de lubrificante. Tarzia alega que a aplicação da saliva artificial, com spray, pode eliminar o mau hálito.

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