São Paulo, quinta-feira, 21 de julho de 1994
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SBPC sem patrulha; De seleção e de "sampatia"; Vácuo no ensino; Direito ao próprio corpo; Emendas e coerência

DE SELEÇÃO E DE "SAMPATIA"

SBPC sem patrulha
"Não é correta a informação de que discuti com Aziz Ab'Saber, meu velho amigo, questionando o convite feito pela SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) a Luiz Inácio Lula da Silva. Apenas insisti que a SBPC, sendo um espaço acadêmico, deveria, em vez de um simples convite para uma visita, ampliar esse convite reservando um espaço especial para que cada candidato pudesse expor seu programa e debatê-lo com o público. Que não me transformem agora, nesta etapa da vida, em patrulheiro de um ocasional adversário político por quem tenho a maior admiração."
José Arthur Giannotti, filósofo, pequisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento –Cebrap (São Paulo, SP)

"Fiquei estarrecido com as críticas injustas e infundadas do professor Ab'Saber, presidente da SBPC, ao ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, de ilibada honra e dignidade. É urgente que Ab'Saber retifique o seu depoimento, a bem da verdade, da justiça e da dignidade da própria SBPC."
Felipe R. Q. Aquino (Lorena, SP)

"Afinal, por que a seleção tetra não desfilou em Sampa? Não posso aceitar o absurdo de uma debilóide vingancinha. Eu, Rita Lee, como a mais completa tradução, em nome de todos os torcedores sofredores sacaneados da minha querida e amada cidade, quero saber que culpa temos nós por essa minoritária corja de críticos parasitas frustrados e incompetentes, que sempre existiu ocupa seu espaço na mídia para covardemente crucificar pessoas? Será que quem decidiu esse boicote não sabe que Deus criou o artista e o esportista, o diabo criou o crítico e os políticos? Futebol, assim como a arte, é alegria do povo, não dos críticos. Eles que continuem espinafrando e invejando quem faz o que eles não sabem fazer. O povo sampaulistano tem fome de alegria; críticos e políticos que morram com úlceras e de barriga vazia. Que pena essa vingança babaca porque Sampa pode ser o túmulo do samba, mas é o berço do povo que mais sabe homenagear seus heróis. Vivos e mortos. Salve Sampa, salve sampatia."
Rita Lee, cantora e compositora (São Paulo, SP)

"Se em dezembro uma das equipes paulistanas, Palmeiras ou São Paulo, trouxer do Japão mais um título mundial interclubes, espero que o sr. Ricardo Teixeira nem acompanhe a delegação em seu retorno a São Paulo."
Guilherme Loureiro (São Paulo, SP)

"A seleção brasileira homenageou Ayrton Senna. A seleção brasileira não veio a São Paulo. O que o paulista Ayrton Senna acharia disso?"
José Carlos Duarte (São Paulo, SP)

"Lamentável a cobertura da TV Globo na chegada da seleção brasileira de futebol ao país. Primeiro, foi de péssimo gosto tocar o 'Tema da Vitória' do Ayrton Senna no momento em que o avião tocou o solo brasileiro. Fez milhares de pessoas trocarem a alegria do tetra pelo gosto amargo do luto."
Ana Lucia Marinho Grisotto, seguem-se mais três assinaturas (Itu, SP)

"Com repugnância, li no jornal que empresas privadas estão para entregar prêmios milionários aos jogadores da seleção. É inadmissível que tomem atitudes como estas num país que precisa de creches, escolas etc."
Altair Santana da Silva (Curitiba, PR)

"Maluf aprendeu alguma coisa com a Justiça. Em 1970, ao dar os fusquinhas aos tricampeões, quis fazer demagogia com dinheiro público e foi obrigado a devolver o mesmo. Agora, quer repetir a dose e dar novos fusquinhas para os tetracampeões. Mas dessa vez, segundo ele, a demagogia vai ser com seu seu dinheiro e de 'amigos'."
Odilon Guedes, vereador pelo PT-SP (São Paulo, SP)

"Extremamente lamentável a forma como algumas empresas e alguns prefeitos estão homenageando os jogadores da seleção. Dar R$ 100 mil para cada um deles, ou um televisor, ou carros é típico presente sem utilidade, levando em conta que eles são riquíssimos e que existem milhares de pessoas passando fome e em total abandono."
Merli Leal Silva (Porto Alegre, RS)

"Em apenas 15 minutos, o atacante Viola transpirou mais que o 'deus' Romário em todos os jogos."
Wilson Baseggio (São Paulo, SP)

Vácuo no ensino
"Gostaria de cumprimentar a Folha pelo editorial 'Vácuo no ensino' (13/07), referindo-se à iniciativa de empresas privadas que têm adotado escolas públicas em São Paulo, e propondo uma 'reformulação do modelo do ensino público, sobretudo nos seus níveis básicos', incluindo uma 'política de valorização de educadores'. Na verdade, esses educadores têm sido continua e crescentemente desvalorizados pela sociedade. Cabe, então, a pergunta: qual a responsabilidade do país e de toda a sociedade perante a formação das gerações que aí estão? A Universidade Estadual Paulista está fortemente comprometida com a formação do professor que ocorre nas suas quase 50 opções de cursos de licenciatura, oferecidas em todo o Estado de São Paulo. Tal compromisso reflete-se também nos inúmeros cursos de aperfeiçoamento que oferece e nos trabalhos dos seus núcleos de ensino, que promovem a educação continuada de professores da rede pública. Infelizmente, vemos que todo esse esforço acaba se anulando pela realidade desfavorável com a qual o professor se depara."
Maria Aparecida Viggiani Bicudo, pró-reitora de Graduação da Universidade Estadual Paulista –Unesp (São Paulo, SP)

Direito ao próprio corpo
"Por volta de 1850, a mulher estava proibida de abrir uma escola no Brasil. Em 1890, a primeira brasileira médica teve de estudar nos EUA, e mesmo assim foi proibida de exercer a profissão aqui, pois as mulheres não podiam frequentar a universidade. Até 1962 as mulheres casadas eram consideradas relativamente incapazes, ou seja, iguais aos adolescentes, indígenas, pródigos e loucos. Precisavam de autorização do marido até mesmo para fazer uma compra de grande porte ou abrir um negócio próprio, ainda que fosse com seu dinheiro particular. A Constituição de 88 revogou tudo isso, mas, ainda hoje, há quem pense que as mulheres não tem direito sobre seu bem mais exclusivo, o corpo. É o caso do leitor Burunzuzian (17/07), que enxerga na relação da mulher com o embrião ou o feto apenas uma questão de 'proximidade física' ou de 'inclusão física'! Assim, algo que ocorre única e exclusivamente em nós, supostamente não nos diz respeito. Estamos agora na época de conquistar o direito sobre nosso próprio corpo. Ufa! Mas chegaremos lá."
Eva Blay, ex-senadora e professora titular de sociologia da Universidade de São Paulo –USP (São Paulo, SP)

Emendas e coerência
"Na reportagem 'Congresso não corrige os vícios do Orçamento' (13/07), é mencionada a participação da deputada Irma Passoni em emenda ao Orçamento de 1995 para concessão de bolsas de doutorado no valor de US$ 6,7 milhões. As emendas são classificadas de eleitoreiras, nivelando boas e más iniciativas. Creio ser meu dever observar que a deputada está sendo coerente com sua ação parlamentar na defesa permanente da causa da ciência e tecnologia nacional."
Miguel Taube Netto, diretor-presidente da UniSoma Matemática para Produtividade S.A. (Campinas, SP)

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