São Paulo, sexta-feira, 22 de julho de 1994
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Uso de drogas volta a crescer após 13 anos

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

Pela primeira vez em treze anos foi detectado nos EUA um aumento no consumo de drogas entre adolescentes e adultos durante o ano passado.
Relatório divulgado ontem pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos mostra um inversão na tendência de diminuição no consumo de drogas "leves e pesadas" que persistia desde 1979 nos Estados Unidos.
O Departamento de Saúde encontrou no ano passado 7,5 milhões de americanos com idade superior a 35 anos consumidores de drogas. No ano anterior, o total não passava de 6 milhões.
As autoridades americanas estimam que existem quase 2 milhões de adultos que consomem cocaína no país. A cada ano, cerca de 300 mil toneladas do produto são comercializadas nos EUA.
Entre os adolescentes, foram encontrados 2,1 milhões de usuários de maconha em 1993, contra 1,7 milhão no ano anterior.
Em 1979, cerca de 14% da população dos Estados Unidos afirmava ter usado drogas um mês antes de serem entrevistadas para a pesquisa do Departamento de Saúde, uma das mais abrangentes do país.
O percentual de consumidores de drogas caiu rapidamente até 5% da população em 1992 e voltou a subir para 6% no ano passado.
"A nova tendência de aumento no consumo é muito grave, pois torna-se maior em poucos anos", diz Richard Bonnette, presidente da Partnership for a Drug Free America, uma coalização entre vários setores dos EUA que gasta mais de US 300 milhões anuais com anúncios antidrogas.
Segundo Bonnette, as contribuições para sua entidade diminuíram em 20% nos últimos dois anos.
Este ano, o Congresso americano aprovou apenas US 50 milhões dos US 355 milhões que estavam previstos no Orçamento para tratamento de viciados em drogas no país.
Ao lado do aumento no consumo, a pesquisa do Departamento de Saúde, que entrevistou 26 mil pessoas, mostrou uma queda no número de pessoas que consideram as drogas como um elemento perigoso.
No ano passado, apenas 32% dos adolescentes responderam que fumar maconha de vez em quando constitui um "grande risco". No ano anterior, mais de 36% viam o consumo de maconha, mesmo esporádico, como perigoso.
Entre os adultos na faixa dos 26 aos 34 anos, houve uma diminuição da mesma proporção entre os que consideram o consumo de crack (uma das drogas que mais vicia) como "muito perigoso".

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