São Paulo, sexta-feira, 22 de julho de 1994
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Bombeiros acham mais ossos em manicômio

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

Os bombeiros de Mauá (29 km a sudeste de São Paulo) encontraram anteontem mais um pedaço de osso enterrado nos fundos do manicômio São Marco.
O local das escavações foi indicado pelo ex-paciente M.A.F, 24, que afirmou em depoimento ao Ministério Público, no mês passado, que ajudou a enterrar quatro internos que teriam morrido por espancamento dentro da clínica.
Segundo o promotor que atua no caso, Eder Segura, do Ministério Público de Mauá, o osso será analisado no Instituto de Criminalística da Polícia Civil de São Paulo.
O instituto ainda não divulgou o resultado da análise dos ossos e roupas com manchas vermelhas encontradas nos fundos do manicômio há duas semanas.
Ontem, uma comissão de entidades ligadas à área de direitos humanos vistoriou o manicômio. Segundo Maria Ignês Bierrembach, da Comissão Teotônio Vilela, o objetivo da visita foi "garantir a lisura das investigações".
O presidente da seção de Mauá da OAB, Luiz Carlos Spíndola, também acompanhou a comissão. "Um parente da minha secretária foi internado aqui há um ano, para tratamento de alcoolismo, e acabou morrendo queimado. Quero descobrir se houve negligência."
O diretor de Fiscalização do Conselho Regional de Medicina, Gilberto Luiz Scarazatti, divulgou, durante a visita da comissão, os resultado de uma vistoria que o órgão realizou no local em fevereiro.
"Constatamos que existia apenas um auxiliar de enfermagem para cada 240 leitos. O recomendado é um para cada 40", disse.
Scarazatti disse que as condições de higiene no local eram "péssimas" e que o órgão solicitou a interdição do São Marco e seu descredenciamento junto ao Ministério da Saúde.
Os representantes das entidades também visitaram o promotor Eder Segura. Durante o encontro, ele aceitou a criação de uma comissão da sociedade civil para acompanhar as investigações.
O advogado do manicômio, Carlos Paranhos, voltou a negar as acusações. Ele lembrou que o próprio hospital autorizou a entrada da comissão. "Nós não temos nada a esconder", declarou.

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