São Paulo, sexta-feira, 22 de julho de 1994
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Copa do Mundo mostrou que o amor existe

BARBARA GANCIA
COLUNISTA DA FOLHA

A Copa do Mundo dos Estados Unidos nos deixou uma lição exemplar. Provou que o esporte aproxima as pessoas. Que guerra moderna, que nada! A Copa nos ensinou que o amor, de fato, existe.
Senão, vejamos: em raro momento de lucidez, quiçá ocasionado pelo pilequinho teen que tomou na noite da conquista do tetra, Ricardo Teixeira proibiu o avião da seleção de pousar em São Paulo.
O gesto do presidente da CBF nada mais foi do que o reconhecimento público da transcendental importância da imprensa paulistana.
Afinal, Ricardo Teixeira sabe que os jornalistas de São Paulo deram um duro danado durante a Copa do Mundo. Estão todos exaustos.
O mandachuva da CBF também demonstrou ter consciência de que o torcedor paulistano paga parte de seu salário na Confederação Brasileira de Futebol. E, como ele sabe que aqui em São Paulo a gente prefere trabalhar a ficar tomando cerveja no gargalo em bar de lobby de hotel, Ricardo Teixeira nos poupou das distrações de uma visita da seleção.
Telê Santana é outro que tem um coração deeeeeste tamanho! Na véspera da final, ele afirmou: "O Brasil pode conquistar a taça, mas não por méritos de seu comando técnico. Se a seleção chegou, com justiça, à final desta Copa do Mundo, deve isso aos jogadores". Que lindo! Nada como um técnico que valoriza a matéria-prima de seu trabalho.
Só um homem da estatura de Telê é capaz de dizer o que pensa sem levar em conta o fato de que, nas duas vezes em que ele era o "comando técnico" da seleção, o Brasil não trouxe nem caneco de chope.
Depois dessa, estou pensando em mandar uma bacia de plástico de presente para o Telê. Assim ele pode fazer uma bela salmoura e botar os cotovelos de molho.
E o Sócrates? Disse ele: "A Copa não teve grandes seleções e o Brasil não tinha muito mais a mostrar". Comovente a lógica do irmão aposentado do Raí. Claro, quando ele jogava os adversários eram fortíssimos. Hoje, são todos uns pernas de pau.

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