São Paulo, sexta-feira, 22 de julho de 1994
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Varejo quer mais prazo para pagar à indústria

MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

O prazo de pagamento mais longo voltou a ser o alvo da negociação entre supermercados e indústrias com a perspectiva de queda da inflação.
"Estamos pleiteando prazos maiores junto aos fornecedores", afirma Sidnei Pereira de Mattos, gerente da rede supermercados Tulha com 15 lojas em São Paulo.
O comércio quer prazo dilatado não só para diluir o custo do juro alto embutido no preço.
O objetivo também é aproveitar o rendimento mais atraente das aplicações financeiras por um período mais longo, explica Mattos.
Desde a troca de moeda, as aplicações de curto prazo passaram a ser um mau negócio. O rendimento obtido praticamente é anulado pelos impostos (IPMF, IR e IOF).
Exatamente essa aplicação de curto prazo era o mecanismo usado pelos supermercados para garantir o seu "floating", o ganho financeiro capaz de dar fôlego para a empresa bancar os preços competitivos nas prateleiras.
Segundo Wilson Tanaka, presidente do Sincovaga, sindicato que reúne os pequenos supermercados, há outro benefício no prazo dilatado de pagamento: permite que a empresa trabalhe com folga no caixa e feche negócios de ocasião, pagando à vista e com desconto.
No caso dos laticínios, o prazo de pagamento hoje é de 30 dias, mas o Tulha quer ampliá-lo para 40 dias, diz Mattos. Já com as latarias a meta é empurrar o pagamento de 30 para 35 dias.
As indústrias, no entanto, têm se mostrado pouco flexíveis na primeira rodada de negociação com os grandes supermercados depois do real, explica o gerente.
Segundo ele, a saída para os supermercados é pressionar as indústrias líderes comprando marcas alternativas que dão prazos maiores.
Edmundo Klotz, presidente da Abia, que reúne as indústrias alimentícias, não quis comentar sobre as negociações.
Já os pequenos supermercados estão conseguindo comprar com prazos de pagamento alongados.
Tanaka conta que seus associados fecham negócios para pagar 28 dias depois. Os descontos dos fornecedores oscilam de 7% a 10%.

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