São Paulo, sexta-feira, 22 de julho de 1994
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Tarifas não sobem já, diz Fritsch

DA REPORTAGEM LOCAL E DA SUCURSAL DO RIO

O secretário de política econômica do Ministério da Fazenda, Winston Fritsch, disse que o governo não vai ceder às pressões da Petrobrás e das concessionárias de energia elétrica para conceder aumentos nas tarifas nos setores de combustíveis e de energia elétrica.
"Não há o menor espaço e nem a menor razão para aumentos de tarifas públicas a curto prazo."
Fritsch disse que essas pressões causaram surpresa à equipe econômica porque, afirmou, "elas não têm a menor justificativa principalmente vindo de estatais".
Ele disse que esses aumentos, se concedidos, poderiam prejudicar os esforços do governo para garantir a estabilidade do real.
Fritsch fez essas declarações ontem, em São Paulo, onde participou de um seminário sobre oportunidades de negócios no Mercosul.
Ele disse que o governo só admite reajustes da tarifas públicas se houver um fato novo que pressione de maneira "'insuspeitadamente relevante" os custos.
"Só haverá aumento de tarifas públicas se acontecer um evento imprevisto que tenha distorcido completamente a margem de lucro de uma empresa a ponto de colocar em risco sua operacionalidade a longo prazo."
Segundo ele, "as luzes do painel estão todas verdes, a inflação de julho é extremamente baixa e não há pressões sobre custos".
O presidente da Petrobrás, Joel Mendes Rennó, negou estar pedindo ao governo aumento nos preços dos combustíveis.
"A Petrobrás mantém o governo informado dos problemas do mercado, como sempre fez, mas nossa prioridade é contribuir para o sucesso do Plano Real", disse Rennó em entrevista exclusiva à Folha no Rio.
Segundo ele, a Petrobrás vai adiar investimentos e reduzir custos para compensar defasagens nos preços dos combustíveis provocadas pelo aumento do preço internacional do petróleo.
Ele não quis dizer quais investimentos serão adiados nem onde serão feitos os cortes.
Atualmente o petróleo tipo brent (Mar do Norte) vem sendo negociado por cerca de US$ 17,50 por barril. Com frete e seguro, o produto chega ao Brasil custando mais de US$ 19 por barril.
Segundo os técnicos, a Petrobrás recebe hoje US$ 17,55 por barril de petróleo refinado, enquanto o ideal seria US$ 21,50.
Rennó disse, no entanto, que a estatal tem fôlego para suportar um período de aperto desde que o resultado final seja a estabilidade econômica, que, segundo ele, trará ganhos que compensarão com vantagens o aperto atual.

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