São Paulo, sexta-feira, 22 de julho de 1994
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BC faz juro cair dois pontos no over

FIDEO MIYA; JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Banco Central (BC) surpreendeu o mercado financeiro ontem de manhã ao derrubar o juro do overnight em dois pontos percentuais –de 10,28% para a média de 8,23% ao mês. O BC interveio por três vezes no mercado.
A projeção da taxa efetiva do overnight para julho baixou de 7,55% para 7,03%.
As demais taxas também recuaram: no mercado futuro, o DI passou a projetar 6,62%, enquanto a taxa efetiva média do CDB prefixado caiu de 4,57% para 4,09%.
Com base nas novas projeções do mercado futuro, a caderneta de poupança do dia 1º de agosto renderia 5,47%.
A surpresa de ontem não foi a queda dos juros, mas a velocidade imprimida pelo BC. Na véspera, o mercado operou esperando um juro de 9,80% no over para ontem.
Poupança
Ontem, o diretor de Normas do BC, Cláudio Mauch, disse que brevemente será mudada a fórmula de cálculo da TR, que voltaria a ser baseada nos juros pagos nos CDBs prefixados.
Mauch afirmou que o volume de negócios com CDBs já justificaria a mudança. O diretor do BC, porém, não quis precisar datas nem se o redutor utilizado no cálculo (hoje de 1,6%) seria alterado.
Segundo dados do BC, R$ 1,96 bilhão foram aplicados em poupança nos primeiros 15 dias deste mês, já descontados os saques. Isto representa um crescimento de 6,8% sobre o saldo de junho.
Com esse acréscimo, o total de dinheiro aplicado em cadernetas de poupança subiu para R$ 37,9 bilhões.
Reunião inconclusiva
A diretoria do BC frustrou quem esperava o anúncio de medidas concretas para resolver os problemas enfrentados por alguns pequenos bancos.
Ontem, após três horas de reunião em São Paulo com banqueiros e dirigentes de várias entidades do setor financeiro, o presidente do BC, Pedro Malan, declarou que não está identificando nenhuma crise de liquidez no sistema financeiro. Admitiu somente a existência de problemas localizados e informou que um ou dois bancos recorreram ontem à taxa de redesconto do BC –reduzida anteontem.
A queda dos juros confirma, em parte, a avaliação de Malan –os juros estariam subindo se houvesse um problema de liquidez afetando todo o sistema.
Alcides Tápias, presidente da Febraban, concordou com Malan e acrescentou: "Existe um problema de preço." Tápias previu nova queda dos juros para hoje.
Malan fez um relato da reunião e dos principais pontos tratados em entrevista coletiva. Lembrou que o sistema tributário precisa ser alterado e disse que questão da incidência do PIS nas operações diárias depende da Receita Federal.
Quanto ao compulsório sobre depósitos à vista, Malan afirmou que a flexibilização está prevista para "algum momento no futuro, que não vou revelar agora".
Moedas
Malan disse que há um problema industrial na fabricação de moedas para troco. Ele afirmou que estão hoje em circulação um bilhão de moedas e que, até agosto, deverão entrar na economia mais 600 milhões de moedas.
Bem-humorado, Malan contou que o diretor de administração, Carlos Eduardo Tavares, conversou com bancos que estão distribuindo cofrinhos para tornar claro que este não era um bom momento. O nome do Banco do Brasil não foi citado.

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