São Paulo, sábado, 23 de julho de 1994
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Governo não descarta reajuste de combustível

LILIANA LAVORATTI
LUCAS FIGUEIREDO

LILIANA LAVORATTI; LUCAS FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao contrário do que vem sendo dito publicamente pela equipe econômica, o governo não descarta a possibilidade de reajustar os preços dos combustíveis antes do prazo de um ano, determinado pela medida provisória que criou o real.
O assunto foi discutido ontem numa reunião reservada, realizada em São Paulo, entre o assessor especial para preços do Ministério da Fazenda, José Milton Dallari, e o presidente do DNC (Departamento Nacional de Combustíveis), Paulo Motoki.
O primeiro a admitir o reajuste foi o ministro das Minas e Energia, Alexis Stepanenko, semana passada. Ele afirmou que "em última hipótese, poderia haver alguma mudança". Para Stepanenko, isto seria "um caso excepcional".
A medida visaria recompor os preços de custo dos combustíveis. Quando a equipe econômica fixou os preços do setor em URV, o barril de petróleo estava valendo US$ 14 no mercado internacional. Atualmente está em US$ 17,50.
Motoki disse à Folha que aceita discutir um reajuste de até US$ 1,32 por barril. Segundo ele, esse seria o valor necessário para custear a defasagem com petróleo importado.
O presidente do DNC diz que o reajuste teria um impacto final de 5% nos preços dos combustíveis.
O Brasil importa atualmente 500 mil barris de petróleo ao dia, o que equivale a 40% do consumo total do país.
O governo tenta adiar ao máximo o aumento dos combustíveis. A medida iria repercutir diretamente nos índices de inflação, além de demonstrar a fragilidade da proposta do governo de deixar congelados por um ano os preços públicos.
"Não dá para pensar em reajuste em julho", diz Motoki. O ministro das Minas e Energia também tenta adiar o aumento, exigindo ganhos de produtividade e contenção de despesas na Petrobrás.
A defasagem nos preços de custo só não é maior porque a situação é amenizada com o ganho financeiro que a estatal obtém na importação, já que o real está valendo mais que o dólar, atualmente.
A pressão por aumentos nas tarifas públicas também atinge o setor elétrico. As concessionárias da Eletrobrás já reivindicaram reajustes nas tarifas junto ao DNAEE (Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica).
Estas empresas argumentam que não tiveram tempo de recompor seus preços durante a vigência da URV.

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