São Paulo, sábado, 23 de julho de 1994
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Governo refuta aumento de café no varejo

DA REPORTAGEM LOCAL

O governo não vai aceitar aumentos de preço do café no varejo das marcas de indústrias que se abastecem em estoques reguladores. A variação de preços dessas marcas não deve ultrapassar a registrada em seus pregões.
As marcas de cafés finos (para exportação), que não compram o produto do governo, estão excluídas. Neste caso, a negociação entre as partes será livre.
A afirmação é de José Milton Dallari, assessor especial para preços do Ministério da Fazenda. Ele se reuniu ontem em São Paulo com representantes da indústria do café, laticínios e produtores de leite.
David Naum Neto, vice-presidente da Abic (Associação Brasileira da Indústria do Café), diz que a alta de preços do produto no mercado internacional por causa das geadas já bateu nos leilões do governo.
Em cinco pregões realizados em dois meses e meio, o preço do café subiu 48% em dólar. No últino leilão o produto foi negociado a US$ 138 a saca de 60 quilos.
O impacto dessa alta seria de 5% no preço final, segundo Dallari. Em reunião realizada quinta-feira entre supermercados e indústria ficou acertado que esse percentual terá de ser absorvido pelos dois setores e não poderá ser repassado para o varejo.
"Haverá um diferencial grande de preços entre as marcas por conta dessa alta", diz Naum Neto.
Os supermercados já estão deixando de comprar café da indústria. Mas Dallari descartou a possibilidade de desabastecimento. "O governo tem um estoque de 17 milhões de sacas e vai continuar fazendo leilões até agosto para abastecer o mercado interno."
Nos próximos dias a Abic publica nota nos jornais para esclarecer a alta de preços. Com isso pretende que as negociações com os supermercados se normalizem.
Leite
Dallari se reuniu ontem com representantes dos produtores de leite e da indústria de laticínios e constatou que as cooperativas regionais não estão repassando os aumentos pagos pela cooperativa central para o produtor final.
Para julho, a Cooperativa Central de Laticínios do Estado de São Paulo vai pagar em média R$ 0,24 pelo litro de leite tipo C, cotado anteriormente a R$ 0,20.
Nelson Nicolau, representante dos produtores paulistas, diz que esse valor está abaixo do custo de produção de R$ 0,25 por litro.
Segundo Dallari, está praticamente fechado o aumento da alíquota de importação do leite em pó de 20% para 35%.

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