São Paulo, sábado, 23 de julho de 1994
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Campos de refugiados são alvo de massacres

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Campos derefugiadossão alvo demassacres
Ruandeses da etnia tutsi disseram que soldados hutus estão continuando os massacres nos campos de refugiados em Goma (Zaire).
Os hutus também estariam espalhando boatos entre a população local de que os tutsis estão contaminando com cólera a pouca água potável disponível.
Tarsis Munyaneza, porta-voz dos 4.500 ruandeses abrigados no campo de Kituku, disse que uma multidão de hutus e zairenses expulsou a pedradas um grupo de tutsis que tentava fazer compras anteontem no mercado local.
Um repórter ocidental citado pela agência "Reuter" testemunhou um tutsi ser atacado por um grupo e disse ter visto vários corpos com sinais evidentes de terem sido espancados até a morte.
Munyaneza também acusou soldados hutus de terem retido por três dias um caminhão de alimentos destinado ao campo de Kituku.
Os tutsis estão apelando às tropas francesas da Operação Turquesa que os protejam, mas um oficial francês afirmou que o mandato dos cerca de 2.500 soldados envolvidos na operação é válido apenas para o território de Ruanda, e não para o Zaire.
Há cerca de 20 mil soldados do derrotado Exército hutu entre os refugiados em Goma.
O governo da França disse ontem que a presença de suas tropas na região não será estendida após o prazo acertado anteriormente com a ONU (22 de agosto).
Além da operação humanitária na fronteira com o Zaire, soldados franceses estão policiando o sudoeste de Ruanda para proteger civis de eventuais massacres.
A ONU e o governo dos EUA vêm pressionando Paris a manter seus soldados por mais tempo.
O secretário-geral das Nações Unidas, Boutros Boutros-Ghali, deverá fazer um novo apelo à França nos próximos dias.

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