São Paulo, sábado, 23 de julho de 1994
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O gol de Osiris; Adolescentes e a bebida; Críticas

O gol de Osiris
"A Associação Juízes para a Democracia vem manifestar sua indignação com os descabidos privilégios concedidos à seleção, que constituem um desserviço à construção democrática. Manifesta, outrossim, sua solidariedade ao ex-secretário Osiris Lopes Filho, cuja conduta significa um exemplo de probidade no serviço público."
Antonio Celso Aguilar Cortez, presidente da Associação Juízes para a Democracia (São Paulo, SP)

"Osiris, você resgata a crença daqueles cidadãos que acham que só pode haver ordem e progresso se houver obediência à lei."
Michel Temer, deputado federal pelo PMDB-SP (São Paulo, SP)

"A exoneração do secretário Osiris Lopes Filho revela o nosso atraso diante do mundo civilizado e serve como um péssimo exemplo de comportamento do presidente Itamar Franco e do ministro Rubens Ricupero, que desejamos não seja seguido pelos nossos filhos e pelos homens sérios da nação brasileira."
Petronio Omar Querino Tavares, presidente da Federação Nacional do Fisco Estadual (Recife, PE)

"Mesmo que venha a ser um dia decacampeão, o Brasil continuará o país alegremente subdesenvolvido ao qual fez referência Otavio Frias Filho (Folha, 21/07), enquanto não mudar a cultura do privilégio e do jeitinho. Com a bênção de um presidente popularesco, os cartolas, jogadores e caronas praticaram contrabando. Segundo a mesma Folha, o candidato Fernando Henrique Cardoso apoiou 'este gesto de simpatia', dizendo que as 17 toneladas de muamba era 'mais uma recordação da vitória do que uma vantagem pessoal'. O único que não viu nos brasileiros uma manada de crianças imbecis foi Osiris. Sua coerência significa respeito à opinião pública. O surpreendente apoio que recebe é um aviso aos atuais e futuros navegantes. Parabéns, Osiris. Você fez o gol que o Brasil precisava."
David Lerer, médico e ex-deputado federal (São Paulo, SP)

"As declarações do presidente da SBPC, Aziz Ab'Saber, sobre o ministro Ricupero me pareceram, à primeira vista, intempestivas e eventualmente injustas. No entanto, a atitude do ministro no episódio entre a Receita Federal e a delegação brasileira de futebol me fizeram acreditar que o professor Ab'Saber tem razão. O apoio do ministro a cidadãos que se julgam acima das leis e da ordem caracteriza efetivamente uma personalidade capaz de funcionar como 'estafeta da ditadura'. Sai engrandecido do episódio o secretário da Receita Federal, dr. Osiris Lopes Filho, que foi impedido de dar o exemplo que coroaria de grandeza e dignidade a conquista do tetra."
Marcello André Barcinski, professor titular do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (São Paulo, SP)

"Oxalá os homens deste país tivessem a coragem e a hombridade de mostrar que, antes de sermos campeões no esporte, havemos de ser campeões em dignidade, acima de qualquer outro título. Parabéns, dr. Osiris!"
Elisia Benedita de Vassouras Santos (São Paulo, SP)

"Concordo com Osiris quando diz que a lei deve ser igual para todos."
José Roberto Pascale (São Paulo, SP)

"O Brasil com o qual sonho necessita de homens do calibre de Osiris."
João Antonio Qualiotto (Laranjal Paulista, SP)

"O episódio alfandegário da chegada da seleção envergonha e revolta."
Jaime Panadés Rubió (Araxá, MG)

"Onde estão a dona OAB, ABI, os sindicatos que tanto falaram em ética na era Collor e agora não se manifestam em relação à mamata dos sonegadores da seleção de futebol?"
Carlos Henrique Ramos (Santo André, SP)

"O que mais falta acontecer na Ratolândia? Quando, por um milagre, temos um Osiris, o sr. presidente prefere os 'ricardos teixeiras' da vida. Que Deus tenha misericórdia do Brasil."
Isabel Garcia (São Paulo, SP)

"Até quando homens públicos como o sr. Ricardo Teixeira vão fazer de nosso país um circo?"
Luiz Humberto Coelho (São Paulo, SP)

Adolescentes e a bebida
"A Sociedade Brasileira de Pediatria de há muito vem se preocupando com uso abusivo de drogas, lícitas ou ilícitas, pelos adolescentes. As estatísticas têm mostrado um aumento considerável no uso das assim chamadas drogas lícitas, nas quais pode-se incluir o hábito de ingerir bebidas alcoólicas. O caderno Folhateen de 18/07, ao denunciar o consumo excessivo de álcool pelas crianças e adolescentes e alertar para as importantes consequências desse comportamento, presta um relevante serviço para todos que têm interesse na saúde de nossas crianças e adolescentes. Contudo, não podemos deixar de registrar nossa perplexidade, ao constatarmos que o mesmo jornal que denuncia fatos tão importantes publica na primeira página o anúncio de uma das cervejas nacionais (1/4 de página) e na última página do primeiro caderno o anúncio de uma outra cerveja concorrente, em anúncio de página inteira. Não é de hoje o conhecimento da influência da publicidade no comportamento. Será que a exemplo do cigarro não estava na hora de acrescentar-se a essas publicidades o termo: 'O Ministério da Saúde adverte: ingerir bebidas alcoólicas é prejudicial ao organismo'. Não seria hora de as autoridades analisarem o quanto a guerra das cervejas poderá fazer de vítimas?"
Mário Santoro Jr., presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria e coordenador do Grupo de Defesa da Saúde da Criança (Rio de Janeiro, RJ)

Críticas
"Quando, por acidente de percurso, passei a produtor do musical infanto-juvenil 'Um Passo no Cometa', fui avisado por velha raposa do meio que seria objeto de críticas por ser um ser estranho entrando em teatro e pela inveja que meu trabalho costuma despertar. Não acreditei. Assim que estreamos, a revista 'Veja' –de 1/06– foi ver e fez uma matéria de quase uma página com os melhores elogios para nossa peça, para os bonecos e para todo elenco. A primeira crítica, de 'O Estado', falou bem do espetáculo, mas pichou nossa atriz, figurinos, som e me cobrava coisas catadas que evidenciavam que a 'velha raposa' poderia estar certa. Agora vem a brilhante jornalista Mônica Rodrigues, editora da Folhinha, e nos faz uma crítica agressiva, em sua matéria de 26/06, 'Um passeio no cometa se perde na falação', na qual, não sei os motivos, fechou os olhos para todos aspectos positivos que tem nossa peça. O espetáculo tem muita ação, aliás perfeitamente captada pela garotada, que participa dela o tempo todo e vibra a tal ponto que chamou a atenção da revista 'Veja', que chegou a comparar a peça à 'alegria contagiante de um programa de auditório'. Acho que ela, digamos, deu um passe errado e quase fez gol contra. Talvez porque ela chegou com 20 minutos de atraso e com isso perdeu dois musicais e a introdução."
Ely Barbosa, autor e produtor de "Um Passeio no Cometa" (São Paulo, SP)

Resposta da jornalista Mônica Rodrigues Costa – Cheguei ao teatro quatro minutos após o início do espetáculo, a tempo de assistir a primeira cena e sustento todas as opiniões emitidas sobre a peça em questão.

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