São Paulo, domingo, 24 de julho de 1994
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Cega toma três ônibus por dia

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Para ir de sua casa ao trabalho, Maria do Socorro Rodrigues da Silva, 40, precisa tomar três ônibus. Ela mora em Santo André, Grande São Paulo, e trabalha na Vila Mariana, zona sul.
Maria nasceu cega e trabalha como revisora de braile. Só precisa de ajuda para tomar o ônibus certo e atravessar as grandes avenidas.
"Percebo quando o farol abre para os pedestres, mas os carros não param."
Para quem não enxerga, a cidade é uma grande armadilha. "Há entulho e buraco nas calçadas. Até carros sobre os passeios."
Algumas coisas melhoraram na vida dos deficientes visuais. Graças à informática, o preço do livro em braile caiu pela metade, embora ainda custe até quatro vezes mais que um livro comum.
A Fundação Dorina Nowil produz cerca de 100 títulos novos por ano. Cerca de 3.500 cegos em todo o Brasil estão cadastrados para receber os livros.
"Embora hoje o deficiente possa contar com o livro falado –em cassete– o aprendizado do braile é muito importante", diz Jurema Venturini, coordenadora técnica da fundação. No país todo, ela calcula que existam 20 escolas para cegos.
A informática vem possibilitando novas formas de acesso à informação. Um "ledor eletrônico" é capaz de ler o que está na tela e reproduzir em voz sintetizada. Uma impressora especial transforma o texto em braile.
Graças a um equipamento chamado Optacon, o cego pode conferir seu extrato bancário ou ler trechos de um jornal. O Optacon reproduz o formato das letras através de estímulos táteis.
"A dificuldade está no preço dos equipamentos", diz Venturini. Mesmo com algumas isenções, eles chegam ao país custando duas vezes mais.
(AB)

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