São Paulo, domingo, 24 de julho de 1994
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Palpítes sobre Copa raramente dão certo

ANDRÉ FONTENELLE
DA REPORTAGEM LOCAL

Palpites sobre Copa raramente dão certo
Leitura retrospectiva de jornais mostra previsões erradas sobre o Mundial e outras que se tornam cômicas
Às vezes é mais instrutivo ler o jornal de ontem que o de hoje, pelo número de contradições esclarecedoras que encontramos. A Copa do Mundo é exemplar.
Muitos prognósticos pré-Mundial caíram no ridículo. Embora isso seja normal –é assim a Copa, imprevisível–, revela muitas vezes falta de visão, cautela ou serenidade de quem previu.
"Não me lembro de ter havido um favoritismo tão claro como o da Alemanha agora", dizia o eufórico técnico do Bayern de Munique, Franz Beckenbauer, em dezembro. A Alemanha caiu nas quartas, frente à Bulgária.
"Vamos voltar para a Alemanha, no dia 19 de julho, acariciando a taça." Foi a previsão de outro alemão, o líbero da seleção, Lothar Matthaeus, que demonstrou confiança demasiada.
"Não quero me envolver em brigas com o treinador", jurou o holandês Ruud Gullit, dias antes de brigar com o técnico Dick Advocaat e abandonar a seleção de seu país.
Outras frases acabam ganhando um sentido cômico. "Vou entrar para arrebentar", garantia o lateral-esquerdo brasileiro Leonardo duas semanas antes da Copa.
Arrebentou, mas não como esperava. Quebrou com uma cotovelada um osso do crânio do meia norte-americano Ramos, na partida Brasil 1 x 0 EUA, pelas oitavas-de-final. Foi expulso e suspenso pelo resto da competição.
A campanha da seleção brasileira é rica em frases contraditórias. A começar da convocação de Romário para a seleção, que parecia impossível desde dezembro de 92.
O atacante se queixara de ter ficado na reserva em um amistoso contra a Alemanha. Foi excluído da seleção. Voltou quando a seleção se viu diante da perspectiva de ficar fora da Copa. Foi esquecida a sentença anterior.
Os que criticaram a convocação de Dunga, por sua vez, tiveram que vê-lo se destacar como um dos melhores jogadores do Mundial.
Franz Beckenbauer errou mais uma vez ao prever que o Brasil não conquistaria o título. "Já são 24 anos que não vencem uma Copa e serão necessários mais alguns anos", previu em março.
Algumas previsões, no entanto, deram certo. Romário disse em abril: "Se não tivermos problemas fora do campo, o Brasil vai conseguir ser campeão."

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