São Paulo, domingo, 24 de julho de 1994
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Europa rejeita o futebol tetracampeão

HUMBERTO SACCOMANDI
DA REPORTAGEM LOCAL

O título da Copa do Mundo não produzirá um novo êxodo de jogadores brasileiros para a Europa. O futebol tetracampeão não atrai os principais clubes europeus.
Esse desinteresse fica claro nos números. A poucos dias do encerramento das incrições de estrangeiros para a temporada 94/95, não há movimentação para contratação de jogadores brasileiros nos principais países europeus.
A Itália é o caso mais extremo. O país foi o paraíso dos craques e quase-craques brasileiros nos anos 80. Era o destino tradicional dos principais jogadores da seleção.
Oito jogadores da seleção de 82 emigraram para a Itália: Sócrates, Zico, Cerezo, Júnior, Batista, Edinho, Pedrinho e Careca. Já estavam lá Falcão e Dirceu.
Para o próximo campeonato, está confirmado apenas o zagueiro Aldair. O goleiro Taffarel deixa a Reggiana. O zagueiro Júlio César trocou a Juventus pelo Borussia Dortmund (Alemanha).
O próprio Aldair chegou a ser oferecido pelo Roma à Inter de Milão, em troca de um jogador italiano. A Inter recusou a proposta.
Nos outros principais mercados europeus, o panorama não muda. Quem já está, talvez fique. Quem não chegou lá, vai ter de esperar.
Na Espanha, ficam os campeões Bebeto, Romário e Mauro Silva. Estão lá também Nilson e o ex-corintiano Moacir.
Na França, devem ficar apenas dois brasileiros: Ricardo Gomes e Valdo, do Paris SG. Raí está sendo negociado com o Japão, segundo o jornal francês "L'Equipe".
Márcio Santos deve deixar o Bordeaux para o Tottenham (Inglaterra) ou a Fiorentina (Itália). Valdeir está em disponibilidade também no Bordeaux.
Na Alemanha, jogarão só quatro brasileiros: os campeões Dunga, Jorginho e Paulo Sérgio, além de Júlio César.
"Não haverá êxodo desta vez", afirma José Carlos Brunoro, gerente de esportes da Parmalat e que cuida de transações de jogadores sul-americanos para a empresa.
"A Copa acabou muito em cima; os times já estão quase prontos. Além disso, há uma recessão na Europa. Os clubes preferem jogadores do Leste europeu, mais baratos", disse Brunoro.
Felipe Jimeno, do jornal espanhol "El País", confirmou que o alto preço dos brasileiros assusta os clubes espanhóis.
"Este ano, apenas o Valencia, o Real Madrid e o Barcelona investiram em contratações", disse.
O Valencia, aliás, foi o único a levar tetracampeões do Brasil para a Europa. Mas não foram jogadores. O clube contratou o técnico Carlos Alberto Parreira e o preparador físico Moraci Sant'Anna.
Possíveis transações envolvendo jogadores que estão no Brasil, como Zinho, Mazinho, Viola, Muller, Cafu, e mesmo selecionáveis como Edmundo e Palhinha, estão praticamente encerradas com clubes desses quatro países.
Apenas o Cruzeiro diz ter uma proposta de US$ 6 milhões da Holanda por Ronaldo, mas essa oferta é considerada exagerada pela imprensa européia.

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