São Paulo, domingo, 24 de julho de 1994
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Conservadorismo marca jovens dos EUA

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

Os jovens norte-americanos estão se tornando cada vez mais conservadores e violentos.
Não querem que suas futuras mulheres trabalhem e carregam centenas de armas de diferentes tipos para as escolas.
Diferentes pesquisas divulgadas na semana passada nos Estados Unidos mostram um perfil entre os jovens (homens) considerado "atrasado e perigoso" para o futuro da sociedade americana.
As mulheres continuam em muitos casos sendo vítimas e, por isso mesmo, revelam uma tendência muito menos conservadora e mais individualista.
Quase 20% dos jovens norte-americanos não querem que suas futuras mulheres trabalhem depois de casadas. Entre as mulheres, 86% querem trabalhar depois do casamento.
A maioria dos jovens, entre 13 e 17 anos, que participaram de pesquisa da CBS News e do jornal "The New York Times" consideram-se melhores do que as mulheres e a favor do estilo norte-americano dos anos 50 –onde o homem sustenta a família e a mulher fica em casa fazendo a limpeza e cuidando dos filhos.
Violência
Rita Smith, da Coalizão Nacional Contra a Violência Doméstica, afirma que grande parte dos casos de abusos contra mulheres casadas nos EUA acontece entre casais onde os homens são "conservadores demais, enquanto as mulheres procuram libertar-se".
"Existem milhares de mulheres apanhando de seus maridos por esse motivo nos EUA e mais de 2.500 são mortas todos os anos por trivialidades", diz Rita Smith.
O perfil conservador é acompanhado por altas doses de violência entre adolescentes.
Cerca de 40% dos jovens conhecem alguém que já levou um tiro de um outro adolescente e 13% disseram que a metade de seus amigos na escola carrega uma faca dentro de suas pastas escolares.
Em Nova York, o número de incidentes violentos nas escolas cresceu em mais de 30% nos últimos seis meses, segundo a Chancelaria das Escolas da cidade.
Foram 1.981 assaltos, molestamentos sexuais, portes de drogas e armas e até mesmo sequestros dentro das escolas entre os meses de janeiro e junho passados.
Boa parte das vítimas nos ataques, realizados na maioria dos casos por rapazes, eram pessoas do sexo feminino.
Armas
No mesmo período, a polícia e autoridades escolares confiscaram 82 revólveres, 43 pistolas de ar comprimido, 676 facas, 558 estiletes e 49 explosivos entre os estudantes.
"Até os jovens mais bonzinhos e com as melhores notas passaram a carregar armas. A violência nas escolas têm sido uma bola de neve difícil de controlar", diz Ramon Cortines, diretor da Chancelaria das Escolas, que representa cerca de mil escolas em Nova York.
Algumas escolas do Brooklyn e do Bronx, bairros vizinhos a Manhattan, adotaram detectores de metais nos portões de entrada.
Outras preferiram contratar seguranças para revistar os estudantes e seu material escolar em busca de alguma arma.
Fora das escolas, a polícia de NY tem adotado precauções extras contra jovens que reúnem as características conservadoras e violentas que as pesquisas retratam.
Desde o início do verão nos EUA, foi registrado um aumento de mais de 20% nos casos de estupros de jovens em parques e piscinas públicas de Nova York.
Três adolescentes presos depois de estuprarem duas meninas em um piscina no Brooklyn afirmaram que elas os estavam "provocando" ao usar maiôs.

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