São Paulo, domingo, 24 de julho de 1994
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Empresas privadas avançam na China

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

A economia da China dominada pelas empresas estatais desapareceu. As reformas pró-capitalismo do governo comunista privatizaram, estimularam a livre iniciativa e atraíram capital estrangeiro.
Resultado: 56% da produção industrial do ano passado vieram das companhias que estão fora do controle estatal.
As reformas chinesas começaram em 1978, sob a liderança de Deng Xiaoping. Com o slogan de "criar a economia socialista de mercado" e "combater a pobreza", o país embarcou no caminho capitalista, também estimulado pelo sucesso econômico de vizinhos como Coréia do Sul, Hong Kong, Taiwan e Cingapura.
Só que o Partido Comunista não abriu mão do poder.
O dado sobre produção industrial foi divulgado na semana passada, junto com outros indicadores que mostram a vitalidade da economia que mais cresce no planeta.
Inflação
No primeiro semestre deste ano a China registrou um crescimento de 11,6%, o que deixou o governo preocupado.
A meta para este ano corresponde a um crescimento de 9%, contra os 13% de 1993. Os estrategistas das reformas chinesas, liderados pelo vice-premiê Zhu Rongji, temem os efeitos colaterais do superaquecimento, em especial inflação e aumento rápido das diferenças sociais.
São dois ingredientes que ameaçam trazer instabilidade ao país dos mandarins.
Os preços no varejo, um dos indicadores da inflação, aumentaram 19,8% nos primeiros seis meses deste ano, cifra elevada para as previsões governamentais.
Para desacelerar a economia, Pequim busca restringir os investimentos, principalmente no setor da construção civil.
Na indústria, o "boom" econômico continua registrando recordes. Existem no país 120 mil companhias privadas e 84 mil de capital estrangeiro ou joint ventures (associação entre estrangeiros e chineses).
Prejuízos
Já as empresas estatais somam 105 mil e, herança amarga dos tempos da economia planificada, 49,6% delas operam com prejuízo e dependem de subsídios oficiais.
Até a famosa Indústria Metalúrgica da Capital Pequim, antes considerada um modelo de empresa estatal, só conseguiu pagar os salários em fevereiro último depois de levantar empréstimos bancários.
Outras companhias buscam mudar a estratégia, abrir seu capital, vender ações em Bolsa de Valores e assim encontrar condições para sobreviver na concorrência da economia de mercado.
A Folha visitou três empresas (leia textos nesta página) em Pequim, casos que estão colhendo sucesso na luta para se desenvolver no novo cenário econômico.

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