São Paulo, domingo, 24 de julho de 1994
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Superstições vendem camisas

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

Zhang Xijie era um entediado funcionário da administração do aeroporto de Pequim, até que as reformas econômicas e a livre iniciativa o atraíram. Ele largou o emprego e abriu uma loja de roupas no centro de Pequim.
Foi o caminho para se tornar, hoje, dono de uma das maiores fábricas de camisas da China.
A 21 de abril de 1991, Zhang fundou a Jinjilie, que no começo atolou nas dificuldades do novo capitalismo chinês.
Eram 50 funcionários, todos camponeses e com pouca experiência ou treinamento na arte de fazer camisas.
"Também tínhamos poucos recursos e recorremos à criatividade para nos salvar", lembra Guan Baoquin, vice-diretor.
O mapa da mina estava na gola. Os novos estilistas inventaram cortes diferentes, desenhos revolucionários, e os batizaram de "oito" –palavra cuja pronúncia em mandarim, a língua oficial chinesa, lembra o verbo "enriquecer".
A nova estratégia seduziu os consumidores chineses. "Patenteamos a idéia", relata Guan, enquanto toma um gole de chá frio para escapar do calor de mais de 32 graus Celsius que aquece Pequim neste verão.
Sob a direção do patrão Zhang, 37, a Jinjilie tem 230 funcionários, produz 350 mil camisas por ano e em 1993 faturou 35 milhões de yuans (cerca de US$ 4,3 milhões).
A empresa continua a explorar a superstição dos chineses. Uma de suas camisas chega ao mercado com o preço de 666 yuans, para aproveitar a crença de que 6 é um número de sorte.
Planos para exportar? "Mal damos conta da demanda interna", responde Guan, um integrante do Partido Comunista.
Ele conta que as camisas chegam a 30 cidades do interior da China e se transformaram num "must" da moda chinesa.
"A Associação de Produtores de Roupas nos escolheu como os melhores deste ano", orgulha-se o vice-diretor da Jinjilie.
(JS)

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